Uga-Uga foi uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida no horário das 19 horas, entre 8 de maio de 2000 e 19 de janeiro de 2001, totalizando 221 capítulos.
Foi escrita por Carlos Lombardi, com a colaboração de Margareth Boury e Tiago Santiago, e dirigida por João Camargo e Ary Coslov, com direção geral de Wolf Maya e Alexandre Avancini, e direção de núcleo de Wolf Maya.
Enredo
Quando criança, o jovem Adriano sobreviveu a um acidente de avião que matou seus pais; foi encontrado pelo pajé de uma tribo indígena e tem uma vida feliz entre cobras e jacarés sob o nome de Tatuapú.
Tatuapú, isto é, Adriano, é encontrado pelo avô, Nikos. Depois de ser levado para a cidade, descobre ser o único herdeiro da fortuna da família após a morte de seu avô. Caberá a ele administrar os negócios do mesmo.
Porém, ele tem que enfrentar dois obstáculos: sua tia, Santa, e seu primo, Rolando, ambos de olho na herança do patriarca. Mas Tatuapú parece não demonstrar o menor interesse pelos negócios do avô e sonha poder voltar um dia para a tribo.
A vida de Tatuapú cruza com a família Baldochi e encontra neles, principalmente em Bernardo Baldochi, um grande amigo e aliado para fugir das artimanhas de sua tia.
Baldochi, mais conhecido por Bernardo, é um ex-tenente da marinha que tem uma vida alucinante e foge constantemente de bandidos que ameaçam sua família. Ele é dado como morto pela família e pela noiva que ele abandonou na igreja para salvar a vida deles.
Sua noiva, Maria João, era uma mulher delicada e apaixonada por Baldochi, mas com o tempo e a notícia de sua morte, ela perde o interesse pela vida e praticamente toda sua feminilidade, vivendo sempre amargurada. Sua única diversão é ler histórias de amor em livros de coleções, onde ela se imagina a mocinha ao lado do falecido Baldochi, sem suspeitar que quem escreve as histórias na verdade é o próprio Baldochi.
Maria João mora com seu pai e com um irmão que ela cuida como se fosse um filho, e esse é um segredo da trama que é revelado quando Baldochi retorna. O irmão de Maria na verdade é filho dela com Baldochi.
Maria tem um admirador que não larga do seu pé e não cansa de levar os foras que ela dá nele constantemente. Beterraba acredita que um dia Maria vai voltar a se apaixonar e espera que ele seja essa pessoa. Por isso ele não se cansa jamais de esperá-la.
O irmão de Baldochi, Casemiro, mais conhecido como Van Damme, era um jovem apaixonado pela vida no estilo crianção, que vive fazendo bicos aqui e ali até ir trabalhar de salva-vidas, onde conhece a fogosa e atrapalhada Tati, que a princípio se apaixona por Baldochi, mas depois se rende ao amor de Van Damme.
Tati era completamente destrambelhada e vivia a mando do seu namorado Rolando para prejudicar a vida de Tatuapú. Era prima de Bionda, filha de Felipe e Vitória Arruda, um casal meio complicado e à beira da falência. Bionda, sempre muito mimada, tinha mania de arranjar casamento e fugir na hora do “Sim”, deixando todos surpresos e os seus pais desesperados.
A situação começa a mudar um pouco quando Bionda conhece Tatuapú e se apaixona por ele. Mas ela teria que enfrentar a concorrência de Gui, filha do mordomo de Nikos e apaixonada realmente pelo garoto a ponto de largar tudo e ir viver com ele na tribo.
Mas Gui esperaria muito por Tatuapú. Ele e Bionda ainda marcariam casamento, só que dessa vez ao invés de Bionda fugir da igreja foi a vez de Tatuapú, que a abandonou e fugiu com Gui.
Elenco
- Humberto Martins - Bernardo Baldochi/ Bento
- Vivianne Pasmanter - Maria João
- Cláudio Heinrich - Tatuapú/ Adriano
- Lima Duarte - Nikos Karabastos
- Marcello Novaes - Beterraba
- Nair Bello - Pierina
- Vera Holtz - Santa Karabastos
- Mariana Ximenes - Bionda Arruda Prado
- Betty Lago - Brigitte/ Alice
- Danielle Winits - Tati (Tatiana Prado)
- Marcos Pasquim - Casimiro (Van Damme)
- Sílvia Pfeifer - Vitória Arruda Prado
- Silvia Nobre - Crocoká
- Wolf Maya - Felipe Prado
- Bianca Castanho - Ametista
- Nívea Stelmann - Gui (Guinivere)
- Tato Gabus Mendes - Anísio
- Françoise Forton - Larissa Guerra
- Mário Gomes - Ladislau Pomeranz
- Ângelo Paes Leme - Salomão
- Roberto Bomfim - Pajé
- Marcelo Faria - Amon Rá
- Juliana Baroni - Shiva Maria Pomeranz
- Tatyane Goulart - Lilith Pomeranz
- Heitor Martinez - Rolando Karabastos
- Geórgia Gomide - Gherda
- John Herbert - Veludo
- Lúcia Veríssimo - Maria Louca
- Oswaldo Loureiro - Querubim
- Joana Limaverde - Bruna
- Delano Avelar - Argel
- Matheus Rocha - Ari
- Alexandre Schumacher - Zen
- Taís Araújo - Emilinha
- Alexandre Lemos - Dinho
- Hugo Gross - Barbosa
- João Carlos Barroso - Pereirinha
- Beth Lamas - Madá
- Vanessa Nunes - Penélope
- Cláudia Lira - Suzi
Participações especiais
- Luís Fernando Guimarães - Varella
- Marcos Frota - Nikos Júnior
- Denise Fraga - Mag
- Stepan Nercessian - Guerra
- Maria Ceiça - Rosa
- Luciano Szafir - Pepê
- Clarice Niskier - Amélia
- Norma Geraldy - Norma
- Oswaldo Louzada - Dr Moretti
- Lolita Rodrigues - Carmen
- Nelson Freitas - Nilo
- Gabriel Braga Nunes - Otacílio
- Paula Burlamaqui - Kate
- Elias Gleizer - Ceguinho
- Isadora Ribeiro - Marlene
- Ewerton de Castro - Marido nervoso
- Daniele Suzuki - Sarah
- Marcos Breda - Gumercindo
- Beth Erthal - Violeta
- Sérgio Loroza - Pimpão
- George Bezerra - Zeca
- João Camargo - Padre
- Moacir Alves - Antiquário
Trilha sonora
Nacional
Uga-Uga Nacional | |||||
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Trilha sonora por Vários Intérpretes | |||||
Lançado em | 2000 | ||||
Gênero(s) | Vários | ||||
Formato | CD | ||||
Gravadora(s) | Som Livre | ||||
Cronologia - Vários Intérpretes | |||||
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- Viralata de Raça - Ney Matogrosso (tema de Rolando)
- Metamorfose Ambulante - Primo Johnny (tema de Bionda)
- Kotahitanga - Hinewehi Mohi (tema de abertura)
- Se eu Não te Amasse Tanto Assim - Ivete Sangalo (tema de Maria João)
- Aquela - Raimundos (tema de Beterraba)
- Fogueira - Sandra de Sá (tema de Maria João e Beterraba)
- Tô Sem Grana - Elétrika (tema de Baldochi)
- Vem - Patrícia Coelho (tema de Van Damme)
- Deixa o Amor Acontecer - Roupa Nova (tema de Gui)
- Não Tô Entendendo - P.O.Box (tema de Tatiana)
- Uma Antiga Manhã - Marina Lima (tema de Stella)
- Feelings - Morris Albert (tema de Nikos)
- Killing me Softly - Milton Nascimento (tema de Victória)
- Minha Timidez - Fat Family (tema de Salomão)
- Amar, Amar - João Bosco (tema de Brigitte)
Internacional
Uga-Uga Internacional | |||||
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Trilha sonora por Vários Intérpretes | |||||
Lançado em | 2000 | ||||
Gênero(s) | Vários | ||||
Formato | CD | ||||
Gravadora(s) | Som Livre | ||||
Cronologia - Vários Intérpretes | |||||
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- I Turn to You - Christina Aguilera (tema de Maria João e Baldochi)
- You Sang to me - Marc Anthony
- Hold me Tight - Michael Allen
- Kayomani - Kundalini Rising (tema de Tatuapú)
- I Try - Macy Gray (tema de Brigitte)
- Back at One - Bryan McKnight (tema de Van Damme e Tatiana)
- Loving You - Fernanda (tema de Gui)
- Are you Still Having Fun? - Eagle-Eye Cherry
- Northern Star - Melanie C
- Thank you for Loving me - Bon Jovi (tema de Aamon Rá)
- I'll be Holding On - Roméo
- Breathless - The Corrs (tema de Bionda)
- I Wanna be With you - Mandy Moore
- Back for Good - Giselle Haller
- Where Are you? - Bosson
- Anything you Want - Bengaloo (tema de Beterraba)
Produção
- Em sua fase inicial, a novela teve várias locações diferentes. As gravações de Costa Rica, localizaram-se numa pequena cidade chamada Ferreiros, localizada no município de Vassouras, no Rio de Janeiro. A cidade foi envelhecida para dar um aspecto de um local pobre e perdido no meio de uma floresta. Em Lumiar, também no Rio de Janeiro, o diretor Alexandre Avancini realizou sequências de Baldochi (Humberto Martins) e Tatuapú (Cláudio Heinrich), em várias cachoeiras [1].
- A cidade cenográfica utilizada para as gravações na aldeia tribal foi a mesma usada na minissérie A Muralha.
- No Projac, foi construída uma cidade cenográfica que reproduzia um quarteirão do bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, onde morava o núcleo pobre da novela [2].
- Para reproduzir uma tribo inexistente, a equipe de produção de arte de Cristina Médicis pesquisou cerimônias indígenas, e o ritual envolvendo o cachimbo da paz. A pesquisa e a produção duraram três meses, e as tribos do Xingu, bem como livros relacionados ao assuto, serviram de inspiração para a criação desta tribo.
- A abertura da novela, que mostrava um gibi sendo folheado, foi criada por Gustavo Garnier, assistente de Hans Donner, que utilizou uma técnica que misturava fotografias e ilustrações. Os desenhos foram feitos à mão e registrados por uma câmera virtual que percorria as páginas de uma revista de quadrinhos. Depois, a história era transferida para o computador. A mesma técnica foi usada nas imagens que marcavam o final de cada bloco. Antes dos comerciais, a imagem final era congelada e sobre ela era projetado um desenho [3].
- A figurinista, Marília Carneiro, tentou criar um índio que fosse o mais semelhante possível com os índios das tribos do Xingu. Tatuapú não falava português, usava maquiagem e vestuário baseado nas tribos, e usava penas verdadeiras [4].
- O maior desafio da equipe de produção foi a cena do casamento de Bionda (Mariana Ximenes), em Angra dos Reis. A igreja estava abandonada, e como tal a produção teve que levar toda a decoração, incluindo toalhas, castiçais e santos. A produção teve também que encontrar animais, como jacarés e araras, para compôr o cenário da floresta [5].
- A equipe de efeitos especiais trabalhou a todo o vapor. Só os 12 primeiros capítulos, contaram com 140 cenas que necessitaram de efeitos especiais.
Curiosidades
- Exibida entre 8 de maio de 2000 e 20 de janeiro de 2001 em 221 capítulos.
- "E vem aí Uga Uga, a novela que não está no gibi". Essa era a chamada de Uga Uga em 2000. A novela era exibida como se fosse uma história em quadrinhos e, a cada intervalo comercial e final de capítulo, os personagens mergulhavam numa página do gibi. Com um universo todo em estilo Tarzan e Jane, a novela foi um grande sucesso, com média geral de 37,8 pontos no horário.
- Uga Uga havia sido cogitada para substituir a novela Força de um Desejo, as 18h00, a partir de novembro de 1999. Mas como a trama ainda não estava pronta para ir ao ar, foi jogada para o horário das 19h00 e se transformou no grande sucesso, que foi.
- Uga Uga foi a segunda novela de Mariana Ximenes na Rede Globo, que já havia feito anteriormente a ingênua Celi de Andando nas Nuvens, exibida no ano anterior, em 1999. Sua personagem, Bionda, foi um divisor de águas na sua carreira. A novela foi também a primeira de Marcos Pasquim com Carlos Lombardi. Seu personagem fez tanto sucesso que Lombardi ainda iria explorar o ator como protagonista na minissérie O Quinto dos Infernos, em 2002, e, em suas novelas seguintes, Kubanacan, em 2003, e, em Pé na Jaca, em 2006. Bem como Humberto Martins e Betty Lago, que participariam das três tramas. E Danielle Winits e Nair Bello, nas duas primeiras.
- Destaque para Betty Lago, em um de seus melhores trabalhos na televisão, como a tresloucada aeromoça Brigitte. No entanto, sua personagem foi alvo de protestos por parte do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que reclamaram do comportamento pouco ortodoxo da mesma [6].
- A novela revitalizou o horário das 19h00, que estava em baixa, devido ao fraco desempenho da novela anterior, Vila Madalena.
- Para não vincular a identidade da tribo de Tatuapú (Cláudio Heinrich), com a de qualquer outra tribo de índios brasileiros, Carlos Lombardi, decidiu que Tatuapú não iria falar tupi-guarani. Em vez disso, Lombardi criou um idioma próprio, baseado na sonoridade do idioma falado no Taiti. [7].
- Devido ao sucesso dos personagens, foram lançados no mercado, os bonecos de Tatuapú (Cláudio Heinrich) e Bionda (Mariana Ximenes). [8].
- Primeiro par romântico entre Danielle Winits e Marcos Pasquim. Eles iriam contracenar juntos, na novela Kubanacan, em 2003. E fariam novamente, um par romântico no seriado Guerra e Paz, em 2008, de modo que ambas as tramas, eram de Lombardi.
- O Ministério da Justiça interferiu na novela, obrigando a reedição de dois capítulos, por cenas de violência. O Ministério ainda advertiu a Rede Globo pelo excesso de cenas de nudez e imediatamente após o final da trama reclassifcou-a como imprópria para menores de 12 anos, de modo que ela não poderá ser reprisada antes das 20h00. Tal decisão explica o motivo da trama não ter sido reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, até então. [9].
- A Comissão da Conferência e Marcha dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil criticou cenas da novela que esteriotipavam a cultura indígena. A atriz Sílvia Nobre, que interpretou a feiosa Crocoká, não quis fazer nenhum comentário sobre as críticas, e alegou apenas desenvolver um trabalho para o qual foi contratada, o que nada diz respeito às suas crenças, atividade política e vida particular como descendente indígena.
- A idéia da trama surgiu de uma notícia de jornal lida pelo autor. Um posseiro da Amazônia teve a família dizimada num ataque de índios durante uma disputa de terras. Ele e os dois filhos mais velhos fugiram, mas o filho menor foi levado pelos indígenas. Passados alguns anos, um menino branco foi visto em meio a uma tribo, e o posseiro afirmou que se tratava de seu filho. Carlos Lombardi juntou essas informações a outro assunto de seu interesse: as lendas urbanas do século XIX sobre indivíduos criados longe da civilização, como Kaspar Hauser, Tarzan e Mogli, o menino-lobo. Daí nasceu Tatuapú [10].
- Humberto Martins, Vivianne Pasmanter e Cláudio Heinrich fizeram a campanha de lançamento internacional da novela, visitando lugares como Miami.
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