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Grandes Executivos (parte III)

Não dá para fugir da crise quando quem está a sua frente é o executivo Fábio Barbosa, presidente da operação brasileira do grupo Santander (bancos Santander e ABN Amro Real) e da FEBRABAN. Barbosa foi o protagonista do encontro de ontem na Casa do Saber -- a terceira de uma série de seis palestras com grandes executivos brasileiros (leia aqui e aqui os posts sobre Nildemar Secches, da Perdigão, e Antonio Maciel Neto, da Suzano, que antecederam o presidente do Santander). Para o banqueiro, a primeira coisa a fazer é apagar o incêndio que está consumindo o mercado financeiro -- colocando dinheiro nas instituições que estão em dificuldades, como está acontecendo nos Estados Unidos e Europa. Depois, é ver como a situação vai ficar. "Os escombros desse incêndio vão deixar conseqüências severas para a economia mundial", disse ele. Conseqüências das quais o Brasil não vai escapar.

Apesar do pânico generalizado em relação à crise, o tema não monopolizou o encontro. O presidente do banco Santander passou a maior parte do tempo falando sobre a importância da ética e da sustentabilidade -- bandeiras que há anos ele levanta no Real. Há quem torça o nariz para essa quase "pregação" de Barbosa, mas é difícil discordar dele quando o executivo afirma que cliente satisfeito dá mais resultado para o banco. Ou então quando ele diz que não faz sentido financiar uma empresa que derrube árvores ilegalmente porque provavelmente essa empresa que opera na clandestinidade não existirá nos próximos cinco anos. Em outras palavras, o discurso de Barbosa é muito menos o de um neo-hippie e muito mais o de um executivo pragmático que considera ser possível ganhar muito dinheiro sem jogar sujo. Uma de suas frases mais repetidas é: "O jogo é duro, mas é na bola - não na canela". Ele agora enfrenta o desafio de combinar a cultura do Real, já fortemente impregnada desses valores, com a do Santander, considerado pelo mercado como um banco bastante agressivo.

Para quem tem a imagem de Barbosa como sendo a de um banqueiro "bonzinho", fica uma frase dele que eu achei ótima e que mostra que ele não é tão inocente assim: "Transparência sim, democracia não". O que ele quis dizer com isso é que não dá para colocar tudo em votação antes de tomar decisões -- aliás, ele admitiu que toma a maioria das decisões sozinho mesmo.

E você? Busca o consenso antes de bater o martelo?

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