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Recurso ameaçado

Apesar de tanto se falar que a água está "acabando", a verdade é que a quantidade de água na Terra é praticamente invariável há 500 milhões de anos. Isso acontece porque a água é um recurso renovável, e o seu fluxo se mantém constante devido ao ciclo hidrológico, através do qual as águas do mar, de rios e lagos se evaporam, formam nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva, neblina e neve, escorrendo novamente para rios, lagos ou para o subsolo.

E toda essa água é suficiente para abastecer toda a população mundial com folga: estima-se que a disponibilidade efetiva de água esteja entre 9.000 e 14.000 km³/ano, enquanto a demanda total de água é de aproximadamente 5.000 km³/ano.

O problema não é então a “falta de água”, mas sim o gerenciamento inadequado dos recursos hídricos. Hoje, acredita-se que a principal causa da escassez de água potável é o mau uso. Estima-se que, de cada 100 litros de água própria para consumo, 60 se percam em razão de maus hábitos ou de distribuição ineficiente. Um dos exemplos mais gritantes é o do Mar de Aral, na Ásia, que perdeu três quartos de volume de água por causa de projetos desastrosos de irrigação.

O mau gerenciamento dos recursos hídricos também acaba causando problemas como a poluição e o desperdício. A poluição faz com que a água disponível para o consumo possa existir em quantidade muito menor do que a totalidade da água doce disponível. Os rios são poluídos por agrotóxicos, resíduos industriais, resíduos de lixões e lançamento de esgoto doméstico sem tratamento, o que acaba deixando suas águas impróprias para o consumo.

O desperdício é também uma das principais causas da escassez dos recursos hídricos. Aqui, o Brasil é o exemplo negativo: cerca de 50% da água tratada é desperdiçada no país. Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a uma média de 2,5 milhões de litros de água, o suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas. Os maiores responsáveis pelo desperdício são as próprias distribuidoras – a maior parte dessa perda acontece entre a retirada dos mananciais e a chegada às torneiras.

Há estimativas de que, em certos países, até 70% da água que sai dos reservatórios não chegue às casas e indústrias, devido a vazamentos na rede de fornecimento e encanamentos mal conservados. Mas os consumidores também contribuem muito para esse índice alarmante. Entre os maus hábitos estaria a lavagem de carro, calçadas, roupas, banhos demorados, louças na qual é desperdiçada mais água do que o necessário, além de vazamentos (uma gota de água caindo o dia inteiro corresponde a 46 litros).

A ocupação e o uso desordenado do solo também contribuem para a diminuição da disponibilidade dos recursos hídricos no planeta. Favelas e loteamentos clandestinos crescem às margens dos rios e represas, poluindo os reservatórios e ameaçando a saúde de todos. Some-se a isso o aumento da demanda, o desperdício e a falta de iniciativa pública para resolver os problemas hídricos e o resultado é milhões de pessoas sem acesso a água potável ao redor do mundo.

Fonte: Terra

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