Pular para o conteúdo principal

“A maratona desafia o casal a voltar a gostar de sexo"

Para a psiquiatra Carmita Abdo, mesmo que, na cama, nem sempre quantidade seja sinônimo de qualidade, assumir o compromisso de transar com mais freqüência pode ajudar a reaproximar um casal.


"Maratona pode tornar o sexo um desafio e ajudar o casal a se reaproximar", afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do HC

Fazer muito sexo ajudou o jornalista Douglas Brown e sua mulher, Annie, a apimentar seu casamento de mais de uma década. Eles assumiram o compromisso de transar por 101 dias consecutivos e Brown narrou suas experiências no livro Just do It, que poderia ser traduzido como "Apenas faça isso", a ser lançado em setembro no Brasil. Mas sexo é sempre um termômetro para medir o envolvimento de um casal? Segundo Carmita Abdo, psiquiatra, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e fundadora e coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, quantidade não é sinônimo de qualidade na cama. "Não dá pra medir a qualidade sexual de um casal pela freqüência, mas sim pela satisfação que o casal tem quando realiza o ato", afirma Carmita. "Logicamente que, quando a satisfação ocorre, há uma tendência de repetir. Se o sexo é frustrante, geralmente não há o desejo de repeti-lo".

Mas isso não quer dizer que fazer uma maratona de sexo seja uma má idéia. De acordo com a professora, esse tipo de experiência pode ser uma forma de reaproximar o casal que se afastou. "Uma maratona sexual representa um desafio, que nada mais é do que voltar a um estágio em que o sexo era interessante por ser uma conquista", diz Carmita Abdo. Antes de partir para um compromisso de fazer sexo por dias seguidos, porém, a psiquiatra recomenda que o casal identifique por que se afastou e se substituiu o prazer do sexo por outros, como viagens e hobbies, que acabam tornando cada vez mais frágil a intimidade que eles têm entre si.

Em geral, a principal razão para o declínio da atividade sexual entre os casais é a mudança de prioridades. "No início, o casal tinha um ao outro como prioridade. Com o passar do tempo, ocupa-se também com trabalho, filhos, cuidados da casa", afirma. "A privacidade não é a mesma, não é possível usar a casa toda para fazer sexo nem é possível ter relações a qualquer momento". Outro fator que influencia no declínio é o envelhecimento, que diminui a necessidade física por sexo. "A convivência, a rotina, o fato de não ser mais novidade ou um desafio roubam um pouco da motivação do casal", afirma. "Por outro lado, ninguém agüenta uma maratona dessas por tempo indefinido. Depois dela, o casal deve buscar outras formas de manter o sexo atraente e interessante", afirma.
Comentários

Comentários