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Água, um bem cada vez mais raro

Mananciais poluídos, rios secos, grandes áreas desertificadas, pessoas tendo que caminhar longas distâncias para conseguir água, ou adoecendo por consumir água contaminada.

Esta não é uma previsão trágica de um futuro distante, mas sim uma realidade atual. A escassez de recursos hídricos já é vivida em várias regiões do planeta, e este problema tende a se agravar nos próximos anos caso nada seja feito para convertê-lo.

Mais da metade dos rios do mundo diminuíram seu fluxo ou estão contaminados, ameaçando a saúde das pessoas. Atualmente, mais de um bilhão de pessoas já não têm acesso a água limpa suficiente para suprir suas necessidades básicas diárias, como tomar banho ou preparar alimentos.

Em um planeta coberto por água, é estranho dizer que a escassez dos recursos hídricos é um grande e urgente problema. Porém, apesar de cerca de 70% do planeta ser coberto por água, apenas 2% da água do planeta é doce – ou seja, própria para o consumo humano.

Desta pequena parcela, 90% está no subsolo ou nos pólos, em forma de gelo. Ou seja: a água que pode ser usada para beber, tomar banho, preparar alimentos, etc., é muito pouca – aproximadamente 0,3% – e está diminuindo.

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), já em 2025, uma proporção de dois terços da população mundial (cerca de 5,5 bilhões de pessoas) deve enfrentar escassez de água. Em 2050, esse número aumentaria para 75% da humanidade. Segundo o mesmo documento, pouco mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo já não têm acesso à água potável, e mais de 2,5 bilhões não têm saneamento básico adequado.

A escassez dos recursos hídricos faz aumentar um outro índice: o de pessoas contaminadas por água de má qualidade. Com a diminuição da água própria para o consumo e o aumento da poluição, uma parcela maior da população acaba recorrendo às águas contaminadas para suprir suas necessidades básicas.

Isso causa a disseminação de doenças como esquistossomose, dengue, febre amarela e malária, doenças de pele e doenças diarréicas, cólera e febre tifóide. Hoje, aproximadamente 80% de todas as doenças de origem hídrica e mais de um terço das mortes em países em desenvolvimento são causados pelo consumo de água contaminada.

E isso também acarretaria a contaminação de alimentos (animais e vegetais) e a escassez dos mesmos, numa reação em cadeia que comprometeria saúde humana e saúde pública, com deterioração da qualidade de vida e do desenvolvimento econômico e social.

Guerra

A diminuição da disponibilidade da água em todo o planeta faz com que ela se torne um bem raro e caro. E, assim, se torne motivo de disputa e de guerras. Crescem as previsões de que, em regiões como o Oriente Médio e África, a água será motivo de confronto – assim como o petróleo é em nossos dias. Hoje sinais dessa tensão já começam a aparecer nas duas localidades, e prometem se agravar. Novos conflitos internacionais, motivados pela disputa pela água, deverão aparecer nas próximas décadas.

Uma das próximas vítimas mundiais do “estresse hídrico” deverá ser a China. O país tem 20% da população mundial e 7% dos recursos hídricos globais. Metade das cidades chinesas já padece com a escassez de água. Para o Banco Mundial, caso a China continue a crescer demográfica e economicamente como hoje, 30 milhões de chineses estarão sem água em 2030.

Por ser um recurso natural, a água não é distribuída igualmente em todos os países. Isso faz com que haja diferenças gigantescas no consumo de água de países como Canadá, onde um cidadão comum tem disponível cerca de 600 litros de água por dia, e África, onde a disponibilidade cai para apenas 30 litros diários.

Essa disparidade faz aumentar não só a tensão entre países ricos e países pobres em recursos hídricos, como também a comercialização da água. Este ano, as autoridades do sul da Austrália (região abatida por forte seca) decidiram comprar 231 bilhões de litros de água para afastar o risco de escassez em 2009.

Esse quadro é uma pequena prévia do que poderá acontecer já nos próximos anos se nenhuma medida for tomada para garantir o abastecimento de água: guerras por territórios com maiores recursos hídricos e água sendo vendida com preços mais altos que de um barril de petróleo.

Fonte: Terra

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