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Para Procuradora de Justiça do MP de São Paulo, caso Bruno foi fruto de machismo

Jogador está envolvido no sequestro e possível morte de Eliza Samudio, sua ex-amante.

O caso Bruno vem dando o que falar em todos os âmbitos - seja na imprensa, entre o povo brasileiro, e também entre profissionais da área de Justiça. Nesta quinta-feira, a Procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Luiza Eluf, comentou o fato, e falou sobre algumas das motivações do jogador, principal suspeito pelo desaparecimento de Eliza Samúdio, ex-amante com quem tem um filho de quatro meses. A moça inclusive foi dada como morta nesta quinta-feira, pelo delegado que cuida do caso, Felipe Ettore.

Bruno e Macarrão, seu funcionário e amigo pessoal, estão presos no presídio Bangu II, no Rio de Janeiro, e o goleiro foi indiciado por ser o mandante do sequestro da garota, fato mencionado no depoimento de um adolescente de 17 anos. O jovem também afirmou ter matado Samudio, com uma coronhada de pistola. O corpo da moça teria sido dado como alimento à cães da raça Rottweiller, para depois ser concretado. Esta versão dos fatos ainda está sendo investigada pela polícia. De acordo com a procuradora Luiza Eluf, o machismo foi uma das características mais marcantes deste crime.

Confira a entrevista:

Casos como o da ex-namorada do goleiro do Flamengo e da advogada Mércia mostram que os principais suspeitos eram os seus namorados. Existe alguma relação nestes dois casos e semelhança nos perfis de Bruno e Misael?

Eluf: O crime passional tem características próprias. A principal delas é o machismo, a prepotência masculina, o egoísmo extremo, a vontade de subjugar a mulher. E uma crueldade enorme. Os homens matam as mulheres porque elas os estão contraiando de alguma forma, foi o caso de Misael. O caso do goleiro Bruno parece extremamente cruel, se ele for realmente o culpado pela morte de Eliza. Todo homem precisa entender que um filho é sempre de duas pessoas. Todo homem precisa assumir os filhos que gerar, porque crianças não têm culpa nenhuma das brigas dos pais. Ao contrário, as crianças merecem muito amor e compreensão, são tão frágeis e dependentes que abandonar o próprio filho e ainda matar a mãe dele, como muitas vezes já vimos acontecer, é estarrecedor. A Justiça e a sociedade não podem tolerar isso jamais.

Em época de Copa Mundo, momento em que os torcedores endeusam os jogadores, vemos declarações contra o goleiro Bruno e que indicam sua culpa no caso de Eliza Samudio. Como a senhora interpreta esse terrível caso de morte?

Eluf: É o cúmulo do terror um sujeito fazer isso com uma moça somente porque ela queria que ele reconhecesse o próprio filho. Homem que não deseja procriar deve usar preservativos em suas relações sexuais. Quem não se preocupa em evitar filhos precisa saber que, caso ocorra a fecundação da parceira, precisará assumir a paternidade. Filhos são sempre de duas pessoas. Foi-se o tempo em que crianças eram responsabilidade exclusiva da mãe. Nossas leis evoluíram no sentido de evitar que crianças fiquem no desamparo. Atualmente, um exame de DNA pode demonstrar com segurança a identidade do pai e ele terá que assumir a paternidade quer queira quer não queira. Ninguém tem o direito de sacrificar inocentes em nome de seu egoísmo machista. Nossos filhos são nossas verdadeiras prioridades e somente desta forma devem ser encarados.

Na sua opinião, a participação da imprensa nestes últimos casos colabora ou prejudica com o andamento da Justiça?

Eluf: A imprensa tem um papel muito importante. A meu ver, não prejudica, mas ao contrário, colabora ao cobrar que as investigações caminhem bem e depressa.

Como Procuradora de Justiça do Ministério Público de SP, a senhora sempre lutou contra a violência da mulher. Conseguimos alguns progressos nesta luta?

Eluf: Sim, conseguimos importantes avanços na luta contra a violência à mulher, como por exemplo a criação das Delegacias de Defesa da Mulher e a Lei Maria da Penha, mas muito ainda precisa ser feito. Sinto-me chocada quando recebo notícia de mais um crime passional e somente descansarei quando essa situação mudar de verdade.

Estes delitos tornaram-se comuns em nossa sociedade. Qual a sua reflexão sobre estes casos?

Eluf: Esses delitos não se tornaram comuns, eles sempre existiram! É que, atualmente, com a imprensa e a TV, podemos tomar conhecimento dos casos em tempo real. Entendo que a sociedade brasileira precisa reagir, pressionar o judiciário a ser mair rigoroso com esse tipo de coisa.

Fonte: FI

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