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Alimentos devem ser vilões da inflação em 2011, prevê Fipe

Assim como aconteceu no ano passado, 2011 deve ser marcado pela pressão nos preços dos alimentos. Na avaliação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), até agora, tudo indica que a tendência de alta verificada em 2010 terá continuidade neste ano. "Os alimentos, principalmente as carnes bovinas, têm sido os grandes vilões da inflação", afirma o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Antonio Evaldo Comune.

Em 2010, os alimentos ficaram 12,20% mais caros na cidade de São Paulo, impulsionados pela alta de 34,45% na carne de boi, 22,12% na de aves e de 21,75% na de porco. "Há claramente carência na oferta de carne", avalia Comune. Além da entressafra severa entre julho e dezembro, quando os pastos sofreram com a seca, o aumento da demanda provocada pela melhora nas condições de renda da população contribuiu para a disparada de preços.

Cortes mais nobres, como o filé mignon e a picanha, subiram mais de 50% no ano que passou. "Apesar de agora termos chuvas para ajudar a recuperar os pastos, a demanda deverá continuar acentuada nesse início de ano, não só a doméstica como também a internacional", ressalta o coordenador do IPC.

Tal comportamento não deve se restringir apenas a carnes. O mau tempo ao redor do globo deve elevar as pressões também sobre outras classes de alimentos. "Veja, por exemplo, o trigo. Com as chuvas na Índia é possível que os preços subam", ilustra Comune.

Com o clima e o mercado externo exercendo forte influência sobre os alimentos, a expectativa é de mais aumentos nos próximos meses. "Se a China aceitar um crescimento menor e o clima ajudar, porém, a pressão sobre os preços poderá ser menor", pondera Comune.

Com tantas variáveis, a Fipe não estima um percentual de inflação para os alimentos em 2011, mas espera que o IPC fique em 4,5% no ano, em linha com a meta de inflação fixada pelo governo. A instituição, porém, faz uma ressalva: o viés é de alta.

"O governo já avisou que vai fazer de tudo para segurar a alta dos preços. Vamos ver como ele vai lidar com isso. Uma possibilidade é controlar os preços monitorados", avalia Comune.

Considerando a intenção de se reduzir os juros no país, outro caminho seria a política fiscal, que passa pelo corte de gastos públicos. "Como neste ano não temos eleições, talvez seja mais fácil fazer ajustes na política fiscal", conclui o coordenador do IPC.

Fonte: G1

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