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Com a palavra Jorge Amado (2ª Parte)

Semana passada, falamos dos tira-gostos e dos pratos principais referidos em alguns livros de Jorge Amado. A seguir, os doces e os quitutes de rua. Na hora da sobremesa "mesa farta de doces, os melhores do mundo" (Tereza Batista, Cansada de Guerra) "com sabores raros: de jaca, carambola, groselha, araçá-mirim, passas de caju e jenipapo" (Tieta do Agreste), "cocada puxa e cocada branca" (O Sumiço da Santa), "de manga, de mangaba" (Tereza Batista, Cansada de Guerra), "de laranja da terra" - servido por D. Milu, na casa de Carmosina (Tieta do Agreste).

Ou "os doces de banana e de caju, o creme de abacate" (Tocaia Grande). Mais "Quindim, fio-de-ovos, olhos-de-sogra, bom-bocados, brigadeiro" (Farda, Fardão, Camisola de Dormir), a "umbuzada, a jenipapada, as fatias de parida com leite de coco, o requijão" (Tereza Batista, Cansada de Guerra). E o "creme do homem - musse de coco com calda de chocolate" exibido por Marialva (O Sumiço da Santa) - "ai creme mais saboroso" (Dona Flor e seus dois Maridos).

"Um pedaço de canjica, de bolo de milho ou de puba, de cuscuz de tapioca (O Capitão de Longo Curso). E aquele doce que, de tão bom, ele compara ao beijo roubado por Patrícia ao Padre Abelardo Galvão, com "sabor de crime e de ambrósia feita em casa" (O Sumiço da Santa).

Sem esquecer bebidas, presentes em quase todos os seus livros. "Os ricos bebem uísque e champanhe, os operários vinho de abacaxi" (Os Subterrâneos da Liberdade). Cerveja gelada, cachaça pura e o "grogue" uma bebida de marinheiro que Vasco Moscoso de Aragão ensina aos vizinhos de Periperi (O Capitão de Longo Curso).

Mais licores que "Zilda servia às visitas, de jenipapo, de pitanga, de maracujá, todos de fabricação caseira (Tocaia Grande). Até que, depois de se refestelar, ainda exercitava a arte de "acender o charuto e não pensar em nada" (São Jorge de Ilhéus). E "estender-se na rede", que ninguém é de ferro (Tereza Batista Cansada de Guerra).

Os quitutes estão, em seus livros, não só nas mesas. Também nas ruas e em toda parte. Vendidos por pretas velhas "nas barracas atulhadas, ruidosas as comidas de coco e de dendê: caruru, vatapá, efó, as diversas frigideiras as diferentes moquecas. Tantas! Galinha de xinxim, arroz de hauçá" (O Sumiço da Santa). Ou equilibrados nas cabeças, representados por "Vitorina, com seu tabuleiro de abarás e acarajés" (Dona Flor e seus Dois Maridos).

A mãe de Chico Tristeza que "vendia cocada" (Mar Morto). E outra preta que "rebolando as ancas gritava "Amendoim torrado! Acarajé, abará" (O País do Carnaval). Mais "pipocas, acarajés, mingau, mungunzá" (Jubiabá). Todas vestidas com roupas rendadas, com "anáguas e colares" (Jubiabá). Como "a negra Dorotéia, com o colar de Iansã e uma conta vermelha e branca de Xangô" (Tenda dos Milagres)

Jorge Amado ainda fala, com saudade, dos pratos que se faziam nos mercados baianos, onde "misturavam-se os sabores e os perfumes da jaca e do jabá, das bananas e das rapaduras, dos cajás, das mangabas, dos umbus" (Tocaia Grande). E foi "num restaurante barato que havia no mercado" que os velhos marinheiros comeram, juntos, "um prato de sarapatel e depois uma feijoada" (Capitães de Areia).

Por fim, só dizendo como o coronel Maneca Dantas ao Capitão João Magalhães: "Comer bem é o que se leva do mundo, capitão" (Terras do Sem Fim). Viva Jorge Amado! E os sabores dessa Bahia de todos os santos, alguns milagres, superstições muitas, virtudes tantas e quase todos os pecados.


RECEITA: CREME DO HOMEM

Ingredientes:
6 claras
1 copo de leite de coco grosso
6 folhas de gelatina branca
7 colheres de sopa de açúcar
1 pitada de sal
Para a calda:
400 gr de chocolate meio amargo
½ xícara de leite de vaca
1 xícara de açúcar
1 colher de sopa de manteiga

Preparo:
- Bata, na batedeira, as claras em neve. Junte sal e, aos poucos, o açúcar. Depois, junte também a gelatina dissolvida e o leite de coco. Coloque tudo em forma de canudo e leve ao congelador. Na hora de servir, desenforme e cubra com a calda de chocolate.
- Calda de chocolate: junte todos os ingredientes da calda e leve ao fogo em banho-maria, até que engrosse.

Fonte: Terra

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