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Sarney diz que defesa de aliados muda cenário da crise no Senado

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira a interlocutores que a defesa de sua permanência no cargo realizada, em plenário, pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) mudou o cenário da crise. Sarney assistiu o embate dos aliados contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pela televisão do gabinete da presidência e se mostrou mais disposto a evitar a renúncia.

A reação dos aliados foi programada no fim de semana. Senadores próximos ao peemedebista esperavam novos pedidos de renúncia na tribuna da Casa e prepararam argumentos para fazer pela primeira vez a defesa pública de Sarney.

O presidente do Senado afirmou que sai fortalecido com o embate dos aliados. Um dos principais motivos dessa avaliação, segundo aliados, foi a postura do líder do PSDB, Arthur Vírgílio (AM), durante a discussão. De acordo com o grupo pró-Sarney, a estratégia de Virgílio, um dos líderes da tropa contra o peemedebista, de não interferir na briga mostra que a crise pode perder fôlego. O tucano entregou quatro denúncias contra o peemedebista no Conselho de Ética e pressionou o partido a apresentar representações.

Sarney saiu agora à noite do Senado. Não quis comentar o mal-estar no plenário, mas disse que está tranquilo. "Vocês já ouviram coisas demais hoje", disse aos jornalistas. E completou: "Estou tranquilo", disse.

Mais cedo, ao deixar o plenário para o gabinete, Sarney negou que esteja disposto a se afastar do comando da Casa. Questionado se sofria pressões do filho, o empresário Fernando Sarney, para deixar o cargo, o peemedebista disse que "isso não existe". "Estou com um espírito muito bom. Nunca deixei de estar confiante. Isso [renúncia] não existe", disse Sarney em uma rápida entrevista ao deixar o plenário do Senado.

Sarney presidiu por mais de uma hora a sessão que reabriu os trabalhos da Casa. Ouviu cinco senadores discursarem. Em plenário, estavam mais de 16 senadores, entre eles parlamentares que pedem seu afastamento, mas não enfrentou nenhum constrangimento. Os senadores pareciam ter ignorado a crise.

A trégua foi interrompida com o discurso de Simon pedindo o afastamento de Sarney. Renan, respondeu e disse que ele tinha ressentimento de Sarney por ele ter sido indicado para ser vice do ex-presidente Tancredo Neves e ter como "esporte preferido nos últimos 35 anos" falar mal de Sarney.

Simon disse que Renan "inventava" acusações contra ele para defender Sarney. O líder do PMDB, por sua vez, disse que Simon não tem autoridade para criticar o presidente do Senado porque, nos bastidores, fez um apelo para que Sarney disputasse o cargo com o petista Tião Viana (AC).

O tom da discussão subiu ainda mais quando o Collor resolveu rebater as citações de seu nome por Simon. Irritado, o ex-presidente partiu para o ataque contra Simon depois que o peemedebista lembrou que o ex-presidente havia lhe convidado para ser vice-presidente na sua chapa.

Collor também atacou Pedro Simon e pediu para o senador "engolir suas palavras". "São palavras que não aceito sobre mim e minhas relações políticas. São palavras que eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente. As minhas relações com o senador Renan Calheiros são relações conhecidas, são relações das quais em nenhum momento eu me arrependi. Estivemos distantes em alguns momentos, estamos juntos em outros momentos", atacou Collor.

O ex-presidente ameaçou Simon ao afirmar que, se o peemedebista continuar mencionando o seu nome indevidamente, vai vir a público revelar informações que podem comprometer Simon.

Fonte: Folha Online

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