A idéia de trazer as origens de Wolverine era extremamente promissora. Explico: Wolverine, basicamente, é um personagem com background misterioso envolvendo o governo num programa genético secreto. Além disso, antes de conhecer Charles Xavier e sua trupe do bem, Wolverine era um filho da mãe grosseiro que espancava, pisava em cima, e perguntava depois. Logo, você, cinéfilo que leu os quadrinhos ou que tem apenas a impressão dos filmes anteriores (principalmente o espetacular X2), percebe que há potencial para mais uma história de ação com cérebro. Pois bem. X-Men Origens: Wolverine perde a grande oportunidade de se tornar uma representação magnífica de algo que já estava praticamente pronto.
O filme começa com a infância de James, que mais tarde se tornaria Logan e depois Wolverine. No rumo que a história toma, Logan é membro de um grupo que trabalha para Stryker, militar que mais tarde se envolveria em experiências mutantes para a criação de um exército indestrutível. Percebendo que não está mais interessado em seguir ordens, Logan se desliga do grupo e segue sua vida como lenhador e marido apaixonado. O passado volta a tona quando Victor (Liev Schreiber), seu irmão e parceiro de matanças, volta para assombrá-lo.
Simplória e claramente submissa à ação, a história de X-Men Origens, simplesmente não funciona. E nem me refiro questões de fidelidade, que não vou abordar aqui (não abertamente - pois só o “Deadpool Baraka” quase me mata de desgosto), mas por ter um roteiro medíocre, do tipo que quase fere os ouvidos de quem, infelizmente é obrigado a ouvir. Um exemplo claro surge logo no começo, com uma revelação boba feita de maneira absurdamente piegas. Estranho ter sido escrito por David Benioff (A Última Noite - o do Norton) e Skip Woods (Swordfish).
Daí só piora e a direção segue o rumo em várias áreas. Os planos que escolhe são demasiadamente comportados e quando se atreve um pouco depende de efeitos especiais, que raramente convencem. Bastam alguns minutos para você começar a antecipar as escolhas do diretor e roteirista. Sorte que pelo menos algumas lutas ficaram um tanto imaginativas (outras são tão ruins que chegam a ser engraçadas) e o elenco, na medida do possível, dá um suporte.
Vindo de três filmes de ótimo nível, é vergonhoso encontrar Hugh Jackman num filme tão ruim sobre o personagem ao qual deve boa parte da fama que tem hoje. Não que o ator seja ruim, muito pelo contrário. Jackman É Wolverine e isso é sempre agradável, mas justamente na história que permitiria ao público conhecer o lado mais implacável e sanguinário do personagem o ator tem seu personagem castrado.
Surpresa mesmo só Liev Schreiber. Impressionante como ele gostou de fazer Dentes de Sabre e o fez com muita competência, coisa rara visto que como ator o considero apenas um diretor promissor. Muitas vezes roubou a cena de Jackman justamente por ter boa parte da personalidade original preservada pela dupla que escreveu um dos piores roteiros que tive o (des)prazer de conferir.
Fraco, descartável, decepcionante, vergonhoso. É só o que consigo lembrar quando penso num filme que tinha a faca e o queijo na mão para ser a kickass blockbuster.
Fonte: Luciano Lima
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