Quando começou a divulgar o projeto de T4 McG parecia empenhado em apresentar não apenas mais um filme de ação, mas também uma produção que representasse uma nova fase em sua carreira. Foi o que ele andou chamando de “fase madura do meu trabalho”. Para isso fez de tudo para conseguir alguém que garantisse o crédito que ele ainda não tinha. E quem melhor que Christian Bale? A verdade é que para conseguir arrastar Bale, McG precisou abrir mão de muitas coisas do roteiro e acrescentar outras para só então despertar o interesse do ator, que já provou ser do tipo que leva a carreira a sério independente do dinheiro. O resultado da parceria é agradável, mas ainda assim deixou bem claro que o diretor não compreendeu o conceito da tão almejada maturidade.
T4 se passa após o dia do julgamento final, quando as máquinas comandadas pelo Skynet, sistema de inteligência artificial avançado criado pela Cyberdyne, iniciam sua guerra pelo controle global. John Connor é parte respeitada da Resistência, mas não a lidera e entra em conflito quando descobre que seus interesses são contrários aos interesses de seus superiores. Os planos do alto escalão da Resistência colocam em risco o futuro da humanidade, pois elementos fundamentais para que a história de Connor continue estão casualmente na mira de uma missão extremamente agressiva. Connor, então, conta com a ajuda de amigos e de uma máquina diferente dos padrões na tentativa de impedir que o pior aconteça.
Depois de muita reflexão após o filme, descobri que a trama central de T4 havia me impressionado por ter uma idéia apoiada nas bases dos dois primeiros filmes da série (T3 será esquecido neste texto). Homem x Máquinas sempre foi o plot central de Exterminador do Futuro. No primeiro um cyborg implacável perseguia aquela que geraria o líder na humanidade na guerra contra as máquinas, no segundo o tal líder enviava uma máquina reprogramada para salvar a si no passado de uma nova investida do Skynet. Mas nos dois filmes anteriores a divisão homem/máquina sempre foi muito clara e apesar das histórias contarem com ótimas estruturas no que se refere à ficção científica, a falta de ironia, de cinismo, quanto ao “preto e branco” da guerra, sempre me deixava um tanto frustrado.
Pense então na minha surpresa quando, num filme que eu acreditava que seria tão descartável quanto seu antecessor, me deparo com a idéia de “o que é a humanidade? (ou “o que faz um ser humano?”)”. Infelizmente a abordagem é extremamente instável, não há conscientização da grandiosidade do questionamento e isso acaba prejudicando irremediavelmente o desenvolver do filme.
O roteiro escrito por John Brancato e Machael Ferris (que em toda sua carreira só acertaram em Femme Fatale, sendo os dois responsáveis por Mulher Gato) oscila entre momentos de pura inspiração, quando deixa que o espectador tenha as impressões sobre o que vê, e momentos tristes como um diálogo bobo quando uma mulher é atacada por bandidos humanos.
A direção de McG teve realmente uma boa mudança. O diretor conseguiu dar mais vida às cenas de ação, soube explorar muito bem planos que valorizavam as movimentações e também teve momentos de criatividade, explorando inclusive movimentos de câmera nas mãos. Mas, em meio a diversão das explosões, McG se perdeu e por muito pouco não transformou T4 num filme oco.
Já Bale, que está bem no filme, só reforça a idéia de que tem optado por papéis principais com alma de coadjuvantes. Papéis que são facilmente tomados no decorrer da história por algum outro personagem da trama. Foi o caso de Connor e Marcus Wright. Interpretado Sam Worthington, Marcus é um personagem que não exigia grande demonstração de talento para que acabasse ganhando a cena por várias vezes.
Surpreendente em sua idéia, mas decepcionante na abordagem, T4 se revelou um filme bem mais interessante que seu precursor. Diria até que, pela localização temporal da história, Exterminador do Futuro – Salvação era um filme necessário.
PS: Muito bem bolada a cena do T-800 com o Arnold Schwarzenegger.
Fonte: Luciano Lima
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