Bola tentou esconder o rosto na entrada do juizado
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
O promotor Leonardo Barreto Alves afirmou, após o término da audiência no Juizado da Infância e Juventude de Contagem (MG), que ficou clara a participação do adolescente J., primo do goleiro Bruno Souza, no sequestro de Eliza Samudio, ex-amante do jogador. O Ministério Público tem, agora, um prazo de 24 horas para apresentar suas considerações finais e encaminhá-las para a defesa e para o juiz Elias Charbil Abdou Obeid.
Segundo Alves, em suas considerações finais ele vai discorrer sobre a possível participação do menor de idade no suposto assassinato e na ocultação do cadáver da mulher que dizia ter um filho com Bruno. Se condenado, o adolescente de 17 anos pode ter que cumprir medida sócio-educativa ou até três anos de reclusão.
Bruno, seu amigo Luiz Henrique Romão (o Macarrão) e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos (o Bola) foram liberados da audiência sem prestar depoimento porque, segundo o promotor, o juiz entendeu que o silêncio deles não comprometeria o objetivo do processo, que era comprovar a participação do menor no ato infracional.
A única testemunha a falar foi o outro primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales. Ele respondeu perguntas baseadas no depoimento do adolescente e afirmou que apenas se encontrou com o menor quando J. chegou ao sítio do goleiro acompanhado de Macarrão, Eliza e o bebê.
Já o advogado que representa o menor, Eliéser Jonatas de Almeida, voltou a afirmar que Bola não é a mesma pessoa que seu cliente identificou em depoimento como Neném, que seria um homem alto, magro, negro e calvo. Ele reiterou que o jovem aceitou dar um susto em Eliza e acabou dando uma coronhada nela apenas porque a mulher reagiu.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.
Fonte: Terra
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