Dominado pelo nervosismo, time mineiro joga fora de suas características e é derrotado na decisão da Libertadores num Mineirão lotado.
A campanha invejável do Cruzeiro na Taça Libertadores terminou em tristeza. Após vencer nove dos 13 jogos a caminho da finalíssima, o time foi derrotado de virada por 2 a 1 pelo Estudiantes nesta quarta-feira, diante de 65 mil torcedores no Mineirão. E viu ir por água abaixo o sonho do tricampeonato. Henrique abriu o placar, mas Fernández e Boselli garantiram o tetracampeonato aos argentinos.
O time mineiro foi dominado pelo nervosismo na maior parte do jogo e caiu diante de um adversário que se mostrou organizado no sistema defensivo e que soube explorar falhas de marcação.
Os cruzeirenses, assim, não conseguiram acabar com uma sina recente do futebol brasileiro, derrotado nas últimas seis vezes em que encontrou um time estrangeiro na final. A sequência começou com o Palmeiras, que perdeu para o Boca Juniors em 2000. Depois, fracassaram o São Caetano (contra o Olimpia em 2002), o Santos e o Grêmio (ambos contra o Boca, em 2003 e 2007) e o Fluminense (contra a LDU, no ano passado).
Campeão em 1976 e 1997, o Cruzeiro já havia sido derrotado na decisão de 1977 pelo Boca. O time agora terá de recuperar o ânimo e se concentrar no Campeonato Brasileiro, em que ocupa a parte de baixo da tabela de classificação.
Já o tetracampeão Estudiantes, que havia levado o caneco em 1968, 1969 e 1970, representará a América do Sul no Mundial de Clubes, que será disputado de 9 a 19 de dezembro nos Emirados Árabes. O seu principal concorrente será o Barcelona.
Cruzeirenses demonstram nervosismo
O primeiro tempo apresentou um Cruzeiro muito nervoso e fugindo de suas características, de toque de bola e movimentação constante dos jogadores do sistema ofensivo. Nos primeiros minutos, cada lado parecia querer se impor fisicamente. Verón aproveitou a primeira oportunidade e deixou o braço no rosto de Ramires, revidando o lance de La Plata. O meia cruzeirense, pouco tempo depois, acertou um leve bico na canela de Fernández dentro da área.
A primeira boa chance veio aos 18 minutos, quando Ramires ganhou uma dividida erguendo o pé, mas errou o passe para Wellington Paulista, livre na área. O Estudiantes, fechado na defesa, dava pouco espaço. E Cruzeiro contribuía para o sucesso da retranca ao não avançar seus laterais e insistir em bolas longas.
Durante alguns minutos, na metade do primeiro tempo, os cruzeirenses até deram a impressão de que conseguiriam se impor. Foram três boas jogadas. Pelo meio, Wagner deu passe para Wellington Paulista, mas Andújar saiu a tempo. Pela direita, Jonathan recebeu passe de Marquinhos Paraná e cruzou para fraca cabeçada de Ramires. E, pela esquerda, Kléber fez boa jogada e quase encontrou Wagner na pequena área.
Estudiantes assusta em contra-ataques
O problema é que foi justamente nesse momento do jogo que o Estudiantes encaixou contra-ataques perigosos. Não fossem uma furada de Boselli e desarmes providenciais de Wagner e Gérson Magrão, o Cruzeiro teria ido para o vestiário em desvantagem no placar.
Nos 15 minutos finais da primeira etapa, o jogo voltou a ser como no início: nervoso e com entradas duras. Houve até um início de desentendimento geral, depois que Verón mostrou não ter esquecido a cotovelada na Argentina e empurrou Ramires.
- O jogo está pegado. Nosso time não está colocando a bola no chão, parece muito nervoso - afirmou Kléber, na saída para o intervalo, criticando também o árbitro Carlos Chandía. - Esse juiz é um dos mais fracos que eu já vi.
Dois gols em 12 minutos
Na volta para o segundo tempo, o técnico Adilson Batista comentou que seu time precisava tocar mais a bola, invertendo jogadas com mais rapidez, mas ao mesmo tempo se preocupar com a movimentação do adversário nos contra-ataques.
Logo aos seis minutos, a torcida no Mineirão explodiu de alegria. E graças a uma jogada que o Cruzeiro não havia explorado até então: em uma conclusão de longe. Henrique se deslocou, recebeu passe de Marquinhos Paraná e chutou. A bola desviou em Desábato e fugiu do alcance de Andújar: 1 a 0.
Os cruzeirenses ensaiaram um estilo de jogo de maior paciência, tocando a bola na intermediária de um lado para o outro. Mas a vantagem no placar durou apenas seis minutos. Num descuido da defesa, Cellay recebeu passe pela direita e cruzou à meia altura. Jonathan não alcançou, Fábio saiu em falso, e Fernández - dentro da pequena área - completou para a rede, empatando a partida.
O gol devolveu o nervosismo ao Cruzeiro e fez cair o desempenho de alguns de seus jogadores. Ramires, que já não havia feito um bom primeiro tempo em sua despedida do clube, desapareceu de vez. Wagner, que sentiu uma lesão no tornozelo no início da partida, já não conseguia ajudar na articulação de jogadas e foi substituído por Athirson.
Aproveitando falhas na marcação, o Estudiantes passou a chegar com alguma facilidade à intermediária no ataque. Aos 23 minutos, Boselli recebeu passe, girou e chutou para defesa tranquila de Fábio. Quatro minutos depois, o atacante levou a melhor sobre o goleirão do Cruzeiro. Subiu sozinho na área, após cobrança de escanteio de Verón, e cabeceou no canto: 2 a 1. Com o gol, Boselli chegou a oito e terminou como artilheiro isolado da Libertadores.
O Cruzeiro ainda tentou pressionar o adversário e quase chegou ao empate por três vezes a partir dos 40 minutos. Na primeira, Thiago Ribeiro aproveitou o rebote em uma cobrança de escanteio e soltou uma bomba, acertando o travessão. Depois, livre na área, o mesmo atacante chutou mal, por cima do gol. A chance derradeira veio nos
pés de Thiago Heleno, que também pegou mal na bola.
Ficha Técnica
CRUZEIRO 1 X 2 ESTUDIANTES
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 15/07/2009.
Árbitro: Carlos Chandía (CHI). Auxiliares: Patrício Basualto (CHI) e Francisco Mondría (CHI).
Cartões amarelos: Kléber (Cruzeiro); Verón, Braña, Cellay, Sánchez (Estudiantes).
Gols: Henrique, aos seis, Fernández, aos 12, e Boselli, aos 27 minutos do segundo tempo.
Cruzeiro: Fábio, Jonathan, Leonardo Silva, Thiago Heleno e Gerson Magrão; Henrique, Marquinhos
Paraná, Ramires e Wagner (Athirson); Kléber e Wellington Paulista (Thiago Ribeiro).
Técnico: Adilson Batista.
Estudiantes: Andújar, Cellay, Desábato, Schiavi e Germán Ré; Braña (Sánchez), Verón, Enzo Pérez e Benítez (Juan Manuel Díaz); Gastón Fernández (Calderón) e Boselli.
Técnico: Alejandro Sabella.
A campanha invejável do Cruzeiro na Taça Libertadores terminou em tristeza. Após vencer nove dos 13 jogos a caminho da finalíssima, o time foi derrotado de virada por 2 a 1 pelo Estudiantes nesta quarta-feira, diante de 65 mil torcedores no Mineirão. E viu ir por água abaixo o sonho do tricampeonato. Henrique abriu o placar, mas Fernández e Boselli garantiram o tetracampeonato aos argentinos.
O time mineiro foi dominado pelo nervosismo na maior parte do jogo e caiu diante de um adversário que se mostrou organizado no sistema defensivo e que soube explorar falhas de marcação.
Os cruzeirenses, assim, não conseguiram acabar com uma sina recente do futebol brasileiro, derrotado nas últimas seis vezes em que encontrou um time estrangeiro na final. A sequência começou com o Palmeiras, que perdeu para o Boca Juniors em 2000. Depois, fracassaram o São Caetano (contra o Olimpia em 2002), o Santos e o Grêmio (ambos contra o Boca, em 2003 e 2007) e o Fluminense (contra a LDU, no ano passado).
Campeão em 1976 e 1997, o Cruzeiro já havia sido derrotado na decisão de 1977 pelo Boca. O time agora terá de recuperar o ânimo e se concentrar no Campeonato Brasileiro, em que ocupa a parte de baixo da tabela de classificação.
Já o tetracampeão Estudiantes, que havia levado o caneco em 1968, 1969 e 1970, representará a América do Sul no Mundial de Clubes, que será disputado de 9 a 19 de dezembro nos Emirados Árabes. O seu principal concorrente será o Barcelona.
Cruzeirenses demonstram nervosismo
O primeiro tempo apresentou um Cruzeiro muito nervoso e fugindo de suas características, de toque de bola e movimentação constante dos jogadores do sistema ofensivo. Nos primeiros minutos, cada lado parecia querer se impor fisicamente. Verón aproveitou a primeira oportunidade e deixou o braço no rosto de Ramires, revidando o lance de La Plata. O meia cruzeirense, pouco tempo depois, acertou um leve bico na canela de Fernández dentro da área.
A primeira boa chance veio aos 18 minutos, quando Ramires ganhou uma dividida erguendo o pé, mas errou o passe para Wellington Paulista, livre na área. O Estudiantes, fechado na defesa, dava pouco espaço. E Cruzeiro contribuía para o sucesso da retranca ao não avançar seus laterais e insistir em bolas longas.
Durante alguns minutos, na metade do primeiro tempo, os cruzeirenses até deram a impressão de que conseguiriam se impor. Foram três boas jogadas. Pelo meio, Wagner deu passe para Wellington Paulista, mas Andújar saiu a tempo. Pela direita, Jonathan recebeu passe de Marquinhos Paraná e cruzou para fraca cabeçada de Ramires. E, pela esquerda, Kléber fez boa jogada e quase encontrou Wagner na pequena área.
Estudiantes assusta em contra-ataques
O problema é que foi justamente nesse momento do jogo que o Estudiantes encaixou contra-ataques perigosos. Não fossem uma furada de Boselli e desarmes providenciais de Wagner e Gérson Magrão, o Cruzeiro teria ido para o vestiário em desvantagem no placar.
Nos 15 minutos finais da primeira etapa, o jogo voltou a ser como no início: nervoso e com entradas duras. Houve até um início de desentendimento geral, depois que Verón mostrou não ter esquecido a cotovelada na Argentina e empurrou Ramires.
- O jogo está pegado. Nosso time não está colocando a bola no chão, parece muito nervoso - afirmou Kléber, na saída para o intervalo, criticando também o árbitro Carlos Chandía. - Esse juiz é um dos mais fracos que eu já vi.
Dois gols em 12 minutos
Na volta para o segundo tempo, o técnico Adilson Batista comentou que seu time precisava tocar mais a bola, invertendo jogadas com mais rapidez, mas ao mesmo tempo se preocupar com a movimentação do adversário nos contra-ataques.
Logo aos seis minutos, a torcida no Mineirão explodiu de alegria. E graças a uma jogada que o Cruzeiro não havia explorado até então: em uma conclusão de longe. Henrique se deslocou, recebeu passe de Marquinhos Paraná e chutou. A bola desviou em Desábato e fugiu do alcance de Andújar: 1 a 0.
Os cruzeirenses ensaiaram um estilo de jogo de maior paciência, tocando a bola na intermediária de um lado para o outro. Mas a vantagem no placar durou apenas seis minutos. Num descuido da defesa, Cellay recebeu passe pela direita e cruzou à meia altura. Jonathan não alcançou, Fábio saiu em falso, e Fernández - dentro da pequena área - completou para a rede, empatando a partida.
O gol devolveu o nervosismo ao Cruzeiro e fez cair o desempenho de alguns de seus jogadores. Ramires, que já não havia feito um bom primeiro tempo em sua despedida do clube, desapareceu de vez. Wagner, que sentiu uma lesão no tornozelo no início da partida, já não conseguia ajudar na articulação de jogadas e foi substituído por Athirson.
Aproveitando falhas na marcação, o Estudiantes passou a chegar com alguma facilidade à intermediária no ataque. Aos 23 minutos, Boselli recebeu passe, girou e chutou para defesa tranquila de Fábio. Quatro minutos depois, o atacante levou a melhor sobre o goleirão do Cruzeiro. Subiu sozinho na área, após cobrança de escanteio de Verón, e cabeceou no canto: 2 a 1. Com o gol, Boselli chegou a oito e terminou como artilheiro isolado da Libertadores.
O Cruzeiro ainda tentou pressionar o adversário e quase chegou ao empate por três vezes a partir dos 40 minutos. Na primeira, Thiago Ribeiro aproveitou o rebote em uma cobrança de escanteio e soltou uma bomba, acertando o travessão. Depois, livre na área, o mesmo atacante chutou mal, por cima do gol. A chance derradeira veio nos
pés de Thiago Heleno, que também pegou mal na bola.
Ficha Técnica
CRUZEIRO 1 X 2 ESTUDIANTES
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 15/07/2009.
Árbitro: Carlos Chandía (CHI). Auxiliares: Patrício Basualto (CHI) e Francisco Mondría (CHI).
Cartões amarelos: Kléber (Cruzeiro); Verón, Braña, Cellay, Sánchez (Estudiantes).
Gols: Henrique, aos seis, Fernández, aos 12, e Boselli, aos 27 minutos do segundo tempo.
Cruzeiro: Fábio, Jonathan, Leonardo Silva, Thiago Heleno e Gerson Magrão; Henrique, Marquinhos
Paraná, Ramires e Wagner (Athirson); Kléber e Wellington Paulista (Thiago Ribeiro).
Técnico: Adilson Batista.
Estudiantes: Andújar, Cellay, Desábato, Schiavi e Germán Ré; Braña (Sánchez), Verón, Enzo Pérez e Benítez (Juan Manuel Díaz); Gastón Fernández (Calderón) e Boselli.
Técnico: Alejandro Sabella.
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