Era uma vez uma mulher que jamais praticou uma boa obra. Por isso, após a morte foi sepultada no lago infernal. Seu anjo da guarda, muito triste, perguntou ao Pai Eterno se haveria alguma chance para ela.
– Sim, respondeu o Senhor. Se você apresentar uma boa obra que ela tiver feito…
O anjo pensou, repensou e disse exultante:
– Agora me lembrei. Certa ocasião ela deu a um pobre algumas folhas de cebolinha da sua horta.
– Já é alguma coisa. Pegue esse pé-de-cebola e dê uma ponta para ela segurar. Depois puxe pela outra ponta, até chegar aqui no céu. Se o talo não arrebentar, está salva.
O anjo fez tal e qual. A mulher agarrou sofregamente a ponta do talo, enquanto o anjo ia puxando para cima. Quando as companheiras de infortúnio perceberam, tentaram pegar uma carona agarrando-se no talo ou nas pernas da mulher. Ela, porém, começou a morder as intrusas e a dar-lhes ponta-pés gritando:
– Larguem! É só meu! Larguem já!
Foi quando o talo arrebentou e ela voltou para o lago infernal. E para sempre.
Palavra de Deus: Uma fonte pode lançar água doce e salgada pela mesma bica? Pode a figueira produzir azeitonas? Ou a videira, dar figos? Da mesma forma a fonte de água salgada não pode dar água doce (Tg 3,11-12).
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