Em 2010, os alimentos ficaram 12,20% mais caros na cidade de São Paulo, impulsionados pela alta de 34,45% na carne de boi, 22,12% na de aves e de 21,75% na de porco. "Há claramente carência na oferta de carne", avalia Comune. Além da entressafra severa entre julho e dezembro, quando os pastos sofreram com a seca, o aumento da demanda provocada pela melhora nas condições de renda da população contribuiu para a disparada de preços.
Cortes mais nobres, como o filé mignon e a picanha, subiram mais de 50% no ano que passou. "Apesar de agora termos chuvas para ajudar a recuperar os pastos, a demanda deverá continuar acentuada nesse início de ano, não só a doméstica como também a internacional", ressalta o coordenador do IPC.
Tal comportamento não deve se restringir apenas a carnes. O mau tempo ao redor do globo deve elevar as pressões também sobre outras classes de alimentos. "Veja, por exemplo, o trigo. Com as chuvas na Índia é possível que os preços subam", ilustra Comune.
Com o clima e o mercado externo exercendo forte influência sobre os alimentos, a expectativa é de mais aumentos nos próximos meses. "Se a China aceitar um crescimento menor e o clima ajudar, porém, a pressão sobre os preços poderá ser menor", pondera Comune.
Com tantas variáveis, a Fipe não estima um percentual de inflação para os alimentos em 2011, mas espera que o IPC fique em 4,5% no ano, em linha com a meta de inflação fixada pelo governo. A instituição, porém, faz uma ressalva: o viés é de alta.
"O governo já avisou que vai fazer de tudo para segurar a alta dos preços. Vamos ver como ele vai lidar com isso. Uma possibilidade é controlar os preços monitorados", avalia Comune.
Considerando a intenção de se reduzir os juros no país, outro caminho seria a política fiscal, que passa pelo corte de gastos públicos. "Como neste ano não temos eleições, talvez seja mais fácil fazer ajustes na política fiscal", conclui o coordenador do IPC.
Fonte: G1
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