Empates nos dois primeiros jogos pelo grupo A movimentam abertura do 19º Mundial de Futebol e fazem a alegria da torcida sul-africana.
Para explicar o balaço, há quem tenha dado crédito à tão mal-afamada Jabulani, jaburu em forma de bola, a Geni das esferas. O chute quase sobrenatural de Tshabalala, jogador cujo nome é praticamente uma comemoração, foi a maior alegria do primeiro dia de uma Copa do Mundo que promete ser marcada pelas celebrações e demonstrações de euforia do povo sul-africano. Aos 10 minutos do segundo tempo do jogo inaugural entre os anfitriões e o México, o contra-ataque fulminante teve lançamento de Mphela, quase um Gérson na altitude mexicana, e a mão de Carlos Alberto Parreira, que soube mudar o jogo dos Bafana Bafana no intervalo. Foi assim, tomado por exageros e 84.490 torcedores, que o estádio Soccer City explodiu de felicidade naquele momento. No país inteiro, em grandes festas ao ar livre, 49 milhões vibraram junto.
Só não deu para comemorar a vitória. O México, que tinha dominado o primeiro tempo, não estava disposto a repetir sua sina de jogar como nunca, perder como sempre: beneficiado pela ingenuidade da defesa sul-africana ao tentar a tática do impedimento, o experiente zagueirão Rafa Márquez se viu livre com a bola dentro da pequena área e botou pra dentro. Parreira ainda fez uma substituição que contraria sua fama de defensivista: trocou o cansado meia Pienaar pelo atacante Parker, e por pouco não sai dali coroado como uma espécie de Rei Leão: aos 44 minutos, depois de um chutão do goleiro Khune, Mphela dominou com a cabeça já na área mexicana e tocou de canhota, na saída do goleiro: a bola bateu na trave. Placar final: 1 a 1.
Besouro rola a Jabulani (Foto: agência Reuters)
Isso não impediu que as vuvuzelas continuassem sendo sopradas e o barulho ensurdecedor ecoasse por muito tempo após o apito final. Não deu nem para o técnico brasileiro dar entrevista. Sem conseguir escutar nadinha, ele desistiu após a primeira pergunta. Desfecho inusitado, porém pouco surpreendente para quem tinha acompanhado mais cedo a cerimônia de abertura no Soccer Stadium.
Foram pouco mais de trinta minutos de espetáculo, suficientes para deixar clara a exuberância cultural da África do Sul. No desfile, um momento de humor involuntário: um dos símbolos nacionais, uma espécie de escaravelho que se especializou em rolar bolas gigantescas de estrume (e conhecido como besouro rola-bostas), apareceu, em versão gigante, rolando a famigerada Jabulani. As atrações musicais - que incluíam, além dos locais Hugh Masekela e o os Soweto Spiritual Singers, o americano R. Kelly, o argelino Khaled, e o nigeriano Femi Kuti - não ofuscaram uma grande ausência, a de Nelson Mandela, que sofreu com a morte de sua bisneta ontem, em acidente automobilístico, ao voltar do show de abertura da Copa, no Orlando Stadium, em Soweto.
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Henry movimentou o jogo (Foto: Getty Images)
O segundo jogo do dia, entre França e Uruguai, na Cidade do Cabo, teve muitas faltas e escasso futebol. Com Henry e Malouda no banco, o time comandado pelo excêntrico Raymond Domenech mostrou-se pouquíssimo inspirado. Pelo lado uruguaio, apenas disposição e esforços isolados do atacante uruguaio Forlán, eleito o melhor em campo pela Fifa, apesar da péssima pontaria demonstrada durante a jornada. Autor do toque de mão que ajudou a classificar a França para esta Copa (em jogo contra a Irlanda, lance que originou gol de Gallas), Henry entrou em campo e protagonizou novos lances polêmicos: cabeceou, impedido, com grande perigo para a meta uruguaia. Depois, em lance dentro da área, em que a bola bateu no braço - que estava junto ao corpo - do uruguaio Victorino, o francês ainda teve a pachorra de pedir pênalti. No último minuto, ele ainda bateria uma falta perigosa, cortada por Loco Abreu, atacante do Botafogo, que, na barreira, subiu lá no terceiro andar e evitou que houvesse gols na partida. Zero a zero com sabor de zero a zero mesmo.
No fim das contas, o Mundial anunciado como Copa da igualdade terminou seu primeiro dia sem vencedores: no grupo A, todos têm um pontinho. Mas a África do Sul ganhou um dia inesquecível para sua história. E motivos infinitos para soprar sua vuvuzela.
Para explicar o balaço, há quem tenha dado crédito à tão mal-afamada Jabulani, jaburu em forma de bola, a Geni das esferas. O chute quase sobrenatural de Tshabalala, jogador cujo nome é praticamente uma comemoração, foi a maior alegria do primeiro dia de uma Copa do Mundo que promete ser marcada pelas celebrações e demonstrações de euforia do povo sul-africano. Aos 10 minutos do segundo tempo do jogo inaugural entre os anfitriões e o México, o contra-ataque fulminante teve lançamento de Mphela, quase um Gérson na altitude mexicana, e a mão de Carlos Alberto Parreira, que soube mudar o jogo dos Bafana Bafana no intervalo. Foi assim, tomado por exageros e 84.490 torcedores, que o estádio Soccer City explodiu de felicidade naquele momento. No país inteiro, em grandes festas ao ar livre, 49 milhões vibraram junto.
Só não deu para comemorar a vitória. O México, que tinha dominado o primeiro tempo, não estava disposto a repetir sua sina de jogar como nunca, perder como sempre: beneficiado pela ingenuidade da defesa sul-africana ao tentar a tática do impedimento, o experiente zagueirão Rafa Márquez se viu livre com a bola dentro da pequena área e botou pra dentro. Parreira ainda fez uma substituição que contraria sua fama de defensivista: trocou o cansado meia Pienaar pelo atacante Parker, e por pouco não sai dali coroado como uma espécie de Rei Leão: aos 44 minutos, depois de um chutão do goleiro Khune, Mphela dominou com a cabeça já na área mexicana e tocou de canhota, na saída do goleiro: a bola bateu na trave. Placar final: 1 a 1.
Besouro rola a Jabulani (Foto: agência Reuters)
Isso não impediu que as vuvuzelas continuassem sendo sopradas e o barulho ensurdecedor ecoasse por muito tempo após o apito final. Não deu nem para o técnico brasileiro dar entrevista. Sem conseguir escutar nadinha, ele desistiu após a primeira pergunta. Desfecho inusitado, porém pouco surpreendente para quem tinha acompanhado mais cedo a cerimônia de abertura no Soccer Stadium.
Foram pouco mais de trinta minutos de espetáculo, suficientes para deixar clara a exuberância cultural da África do Sul. No desfile, um momento de humor involuntário: um dos símbolos nacionais, uma espécie de escaravelho que se especializou em rolar bolas gigantescas de estrume (e conhecido como besouro rola-bostas), apareceu, em versão gigante, rolando a famigerada Jabulani. As atrações musicais - que incluíam, além dos locais Hugh Masekela e o os Soweto Spiritual Singers, o americano R. Kelly, o argelino Khaled, e o nigeriano Femi Kuti - não ofuscaram uma grande ausência, a de Nelson Mandela, que sofreu com a morte de sua bisneta ontem, em acidente automobilístico, ao voltar do show de abertura da Copa, no Orlando Stadium, em Soweto.
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Henry movimentou o jogo (Foto: Getty Images)
O segundo jogo do dia, entre França e Uruguai, na Cidade do Cabo, teve muitas faltas e escasso futebol. Com Henry e Malouda no banco, o time comandado pelo excêntrico Raymond Domenech mostrou-se pouquíssimo inspirado. Pelo lado uruguaio, apenas disposição e esforços isolados do atacante uruguaio Forlán, eleito o melhor em campo pela Fifa, apesar da péssima pontaria demonstrada durante a jornada. Autor do toque de mão que ajudou a classificar a França para esta Copa (em jogo contra a Irlanda, lance que originou gol de Gallas), Henry entrou em campo e protagonizou novos lances polêmicos: cabeceou, impedido, com grande perigo para a meta uruguaia. Depois, em lance dentro da área, em que a bola bateu no braço - que estava junto ao corpo - do uruguaio Victorino, o francês ainda teve a pachorra de pedir pênalti. No último minuto, ele ainda bateria uma falta perigosa, cortada por Loco Abreu, atacante do Botafogo, que, na barreira, subiu lá no terceiro andar e evitou que houvesse gols na partida. Zero a zero com sabor de zero a zero mesmo.
No fim das contas, o Mundial anunciado como Copa da igualdade terminou seu primeiro dia sem vencedores: no grupo A, todos têm um pontinho. Mas a África do Sul ganhou um dia inesquecível para sua história. E motivos infinitos para soprar sua vuvuzela.
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