Pular para o conteúdo principal

O Padre das Cobras

P. Sebastião foi o grande amigo da natureza, quando pouco ou nada se falava de Ecologia. Morou muito tempo em Goiás. Era o tempo em que os padres viajavam a cavalo para atender as comunidades espalhadas pelo sertão, em desobrigas que duravam meses. Certa vez perdeu-se no mato com seu companheiro. Tiveram que dormir ali mesmo, em cima dos arreios, esperando o clarear do dia para poderem se orientar. No dia seguinte, cadê o burro de estimação do P. Sebastião, pois ficara solto durante a noite. Procura que procura, e nada de aparecer. Desanimados, acabaram chegando a uma fazendola, orientados pelo cantar do galo. Bem recebidos pelos donos da casa, contaram o que acontecera e pediram um animal emprestado. O proprietário saiu pelo pasto, pegou um burro e trouxe para o padre. Que surpresa inesperada! Era o seu burro desgarrado que finalmente voltava ao próprio dono.
P. Sebastião gostava de cobras, escorpiões, aranhas, formigas e toda a espécie de insetos e plantas. Mandou centenas de cobras venenosas para o Instituto Butantã, em São Paulo. No seu quarto passeavam tranquilamente cobras e escorpiões. Foi picado muitas vezes, a tal ponto de ficar imunizado. Certa vez, picado por um escorpião venenoso, perguntaram se a picada arruinou. Respondeu sorrindo, por cima daqueles óculos de lentes grossas: – Eu não fiquei doente. Mas o escorpião morreu. Descobriu mais de duas mil espécies novas de abelhas, formigas, mosquitos e besouros. Sua vista aguçada os descobria no mais escondido de seus esconderijos. Mandava amostras desses insetos para os especialistas a fim de receberem a devida classificação. Diversos deles receberam o nome do P. Sebastião.
Chegou até 96 anos de idade. Mas os jequitibás também tombam. Tombam, sim, mas deixam rasto. P. Sebastião continua lembrado como amigo de Deus, dos homens e da natureza.

Comentários