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Números mostram que Espanha deixa de ser o país dos sonhos para os imigrantes

Há apenas dois anos a Espanha era o Eldorado. Agora são poucos os que vêm e cada vez mais os que pensam em ir embora. Todos os indicadores sobre a imigração levam a uma mesma conclusão: para muitos deixou de valer a pena abandonar seu país para viver em um país em crise. Os dados revelam, por um lado, a redução das chegadas em botes precários, dos reagrupamentos familiares e das contratações na origem. E, por outro, o aumento dos retornos. Muitas famílias enviaram os filhos de volta a seu país devido à impossibilidade de mantê-los na Espanha, como demonstram as matrículas escolares de estrangeiros.

"Já no final do semestre passado muitas famílias tiraram seus filhos do colégio e os mandaram para o Equador porque sabiam que não poderiam enfrentar os gastos com uniformes e material escolar. Muitos equatorianos esgotaram o seguro-desemprego, outros perderam suas casas porque não pagaram as hipotecas e os bancos as tiraram, e agora vivem em albergues e comem em refeitórios sociais. Estão desesperados. Não há trabalho e o pouco que conseguiram, por exemplo, através do Plano E do governo, foi para obras de emergência, que duraram muito pouco", explica Raúl Jiménez, da associação de equatorianos Rumiñahui.

Voltam os filhos que estavam na Espanha e não vêm mais os que ficaram nos países de origem dos pais. A diminuição dos reagrupamentos familiares é espetacular. "Para trazer os familiares é preciso demonstrar que podem mantê-los economicamente, e com a crise é praticamente impossível cumprir os requisitos. Temos dados de 7 mil chefes de família que não puderam trazer seus filhos para a Espanha", explicou Gustavo Fajardo, da associação de colombianos Aesco. "Além disso, ao perder o trabalho muitos perderam a residência e se transformaram em imigrantes irregulares."

O Partido Popular (PP, conservador, na oposição) quer endurecer ainda mais os requisitos para a reunião familiar e concentrou nesse ponto a emenda à totalidade da reforma da Lei de Estrangeiros que será discutida nesta quinta-feira no Congresso dos Deputados.

Também se reduziu de forma drástica a contratação na origem. Até 30 de junho equivale a um número de um dígito: 8, contra os 1.380 de 2008 inteiro. Muitos marroquinos decidiram regressar a seu país à espera de melhores tempos, mas sem optar pelo plano de retorno do governo, que os obrigaria a renunciar a seus papéis. "Foi um retorno pontual, silencioso, mas não definitivo. A Espanha lhes deu muito trabalho e esperam que volte a dar, mas não estão dispostos a renunciar a sua carteira de residentes, por isso não optam pelo plano de retorno", explicou Kamal Rahmouni, presidente da associação marroquina Atime.

Fonte: Bol

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