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Funai e PF ficam sem carros por causa de dívida e prejudica fiscalização em Roraima

As ações de fiscalização da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Polícia Federal dentro dos 1,7 milhão de hectares da reserva indígena Raposa/ Serra do Sol (RR) estão comprometidas desde o início do mês por causa de dívidas.

A empresa Asatur Transporte, com sede em Boa Vista, pegou de volta os 16 veículos que vinham sendo usados desde abril passado para reforçar a Operação Upatakon 3.

A operação foi deflagrada em março para garantir a desocupação da região pelos ocupantes não-índios. A ação, contudo, foi suspensa por uma liminar do STF até o julgamento do caso, ainda não concluído. Mesmo assim, o clima continuou tenso entre índios e produtores de arroz durante todo o ano, o que levou à permanência do aparato de policiais e funcionários da Funai na região.

Desde 14 de janeiro, segundo a Asatur, já estão de volta à garagem da empresa dez camionetes 4x4, duas vans, dois micro-ônibus, um caminhão baú e um caminhão tanque, usado como posto móvel para abastecer os carros usados em áreas isoladas no interior da reserva.

Apesar de os contratos terem sido assinados com a administração regional da Funai em Boa Vista, os carros eram usados também pela PF.

A dívida da Funai, segundo o dono da Asatur, Renildo Correia, é de R$ 882 mil, referentes a quatro meses de aluguel não pagos. Segundo ele, duas picapes sofreram perda total.

Em nota, a Funai informou que "está tomando providências para regularizar o pagamento da empresa Asatur Transporte e normalizar o contrato". Além disso, de acordo com o documento, "a administração da Funai em Boa Vista continua operando no atendimento e prestação de serviços à terra indígena Raposa/Serra do Sol".

Correia diz que os veículos cedidos pela empresa representavam 80% do aparato de transporte usado na Operação Upatakon 3. Em dezembro, em entrevista à Folha, ele já havia ameaçado retirar os veículos em janeiro caso o órgão não quitasse a dívida até o fim do ano, como prometido.

Na ocasião, o chefe da Funai em Boa Vista, Gonçalo Teixeira dos Santos, reconheceu a existência de dívida e afirmou que ela seria quitada.

A reportagem procurou Gonçalo, mas ele estava em férias. Coordenador interino da Funai em Roraima, Petrônio Barbosa disse não ter informações oficiais sobre o valor da dívida com a Asatur.

O superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca, disse que, com a indefinição sobre a retirada da população não-índia do interior da Raposa/Serra do Sol, manter os carros alugados não se justificaria.

"Os carros que foram recolhidos eram para dar apoio no momento da desintrusão [retirada da população não-índia]. Os veículos que estão cuidando da segurança na reserva, são da polícia. Eles permanecem lá."

Para Fonseca, a retirada dos veículos de circulação não trará prejuízos à segurança na Raposa/Serra do Sol.

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