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Fly, o Pequeno Guerreiro

Dragon Quest: Dai no Daiboken (Dragon Quest: A Grande Aventura de Dai)
Produção: Toei Animation, 1991
Episódios: 46 p/ tv
Criação: Riku Sanio - Koji Inada (Baseado no game da Enix)
Exibição no Japão: TBS (17/10/1991-24/09/1992)
Exibição no Brasil: SBT
Distribuição: Alien International
Mangá: Shonen Jump

Última Atualização: 10/07/2007

Por Tio Cloud

Se há uma coisa que não se pode negar é o fato de que os animes e os games andam juntos. Desde que a indústria japonesa de videogames se fortaleceu e tornou-se a maior e mais produtiva do mundo, pelos idos dos anos 80, os empresários japas logo sacaram que poderiam transformar em acetato um game de sucesso. Uma sacada genial, já que na maioria dos casos, a história e os elementos que a compõe já estavam prontinhos, bastando levá-los pra a tela da tv (ou do cinema!).

Da mesma forma que grandes sucessos dos consoles vão parar nas telas da tevê a maior parte das produções animadas de sucesso também ganham sua versão em polígonos. É uma espécie de circulo vicioso que está longe de acabar. Atualmente é possível até mesmo encontrar animes e games que se complementam, como o por exemplo .Hack, onde pra saber de toda a história e se interar com todos os elementos, é necessário assistir à versão animada e jogar os games. Marketing selvagem? Com certeza, e essa é uma tendência cada vez maior num mundo onde cada vez mais, as mídias se fundem e se complementam.

“Mas o que isso tem haver com Fly, Tio Cloud?”, você pergunta. A resposta é simples: tudo. Na segunda metade dos anos 80, um tipo de jogo para consoles começou a chamar a atenção dos japoneses pela sua forma viciante de contar uma história, no qual o jogador saía do papel de simples coadjuvante (onde sua única função era apertar determinados botões na hora certa pra conduzir o personagem até o final da fase), para o papel do personagem principal, onde suas ações e escolhas determinariam o rumo da história até o tão esperado final.
O nome desse gênero de game? RPG, ou Roling Playing Game – Jogo de interpretação numa tradução literal. Ao contrário dos RPG’s de mesa, onde um “mestre” conduzia a ação, no videogame cabia ao jogador, que tinha o total controle da situação, fazer suas escolhas e interagir com outros personagens como bem entendesse.

Nesse cenário de games, duas empresas se destacaram com seus RPGs: Square, com sua série Final Fantasy, e Enix, com Dragon Quest. O último (e motivo dessa matéria… Dããã) inclusive, contava com character design de Akira Toryama, o que contribuiu para sua rápida aceitação diante o público.

Por um longo período, as duas séries brigaram páreo a páreo para ver quem conquistava a preferência do público japonês, com ligeira vantagem à franquia da Square. Isso na área dos games, pois nos mangás e na tv, Dragon Quest sempre se deu “menos mal”.

Dragon Quest em acetato
A primeira série com o nome Dragon Quest, entitulada Dragon Quest: Abel Yuusha surgiu em 1989, sendo produzida pela NAS em parceria com a Tv Fuji. Mesmo carregando um nome de peso (e contando com o character design do mega-famoso Akira Toryama), o anime não emplacou durando apenas 32 episódios.

O que poucos sabem é que essa produção chegou ao Brasil no início dos anos 90, sendo lançada direto para o mercado de vídeo. O título em português também não ajudou muito para que fosse reconhecido por qualquer fã: de Dragon Quest, alguém da distribuidora (provavelmente sofrendo um derrame cerebral) resolveu altera o nome da série para Dragon Boy. Como era de se esperar não saiu do primeiro volume.

Enquanto a primeira série estava no ar, várias versões em mangá pipocavam nas revistas e dojinshis (fanzines) japonesas, até que, ainda em 1989, surgiu nas páginas da Shonen Jump (sempre ela!), a versão “oficial”: Dragon Quest: Dai no Dai Boken (Drago Quest: A Grande Aventura de Dai; porque no Japão o nome do Fly é Daí ^^). Roteirizado por Riku Sanjo e com a arte de Koji Inada, o mangá logo ganhou grande aceitação do público e como ninguém no Japão é bobo (exceto os roteiristas da Patrine e quem inventou a fantasia do Gyodai… XD), logo trataram de planejar um anime pra tevê.

A série só saiu do papel em outubro de 1991 quando estreou no canal japonês TBS. Mesmo com todo o alarde dos fãs dos jogos, a série não teve fôlego e saiu do ar menos de 1 ano depois. Motivo? Todos alegam que a razão seria a baixa audiência, o que é de se estranhar, já que Dragon Quest era um dos mangás mais populares da Jump, tanto que foi publicado até 1996 – se encerrando com 37 volumes de tankohons. Mas também há comentários que dizem que houveram desavenças entre a Enix, Toei e Shueisha (pensou que o “Caso Cavaleiros do Zodíaco” era o único? :P), mas nada nunca foi dito oficialmente, e provavelmente nunca saberemos.

O fim súbito do anime deixou várias pontas no ar, além de não ter contado nem 1/3 da história contida no mangá (a série só cobriu até meados do volume 10) que continuou a ser publicado com grande sucesso. Ou seja: pra saber o que realmente aconteceu com Fly e seus amigos só mesmo comprando o mangá japonês (ou esperar que uma editora nacional surte e o traga pra nós…).

Além da série de tevê, Fly ganhou 3 especiais: um OVA bocó que recapitula o começo da série de tevê (com uma animação ligeiramente melhor); um 2° Ova chamado Dragon Quest: Dai no Bouken Okiagare!! Avan no Shito que se situa após a vitória de Fly sobre o vilão Crocodine e mostra o garotinho e seus amigos indo atrás do paradeiro de seu mestre que estaria supostamente vivo; e o 3° (e mais interessante) que muitos chamam de Dragon Quest: Dai no Daiboken The Movie. Com cerca de 50 minutos, o “movie” (que na verdade se chama Dragon Quest: Dai no Bouken Buchiyabure!! Shinsei Rokdai Shogun) se passa imediatamente após a trupe derrotar o feioso Freeyzard e resgatar Leona de seu cárcere de gelo. Assim, os novos inimigos são encarados por toda trupe, incluindo a princesa Leona, o regenerado Jenki (Hyunkell no original) e o réptil guerreiro (e cor de rosa x_x) Crocodine. Como os vilões principais são bem sinistros e Fly invade o castelo onde fica o misterioso Rei Mal (vilão da série de tevê), os mais desavisados confundem o especial como “o final da série”. Uma pena, pois não é – mas poderia ser.

A Historinha
Fly é um garoto-órfão que foi encontrado por Blass (um monstrinho que parece um cocô gigante! @_@) habitante da ilha de Delmlin. O garotinho passa a ser criado pelo monstro como se fosse seu neto, junto de Gome, uma criaturinha dourada com asas, que se assemelha muito a uma gota (O.o). A história tem início quando Gome é raptado e Fly parte para resgatar seu amigo. Mais tarde, o pequeno valente conhece a bela Princesa Leona, filha única do Rei de Papunika, a qual lhe dá como lembrança, a Adaga de Papunika, após ser salva por ele. Depois de descobrirem que o garoto possui uma estranha marca de dragão na testa, Fly recebe a visita do lendário Avan, um corajoso guerreiro (tem que ser muito corajoso mesmo pra usar um cabelo daquele @_@) que foi à Delmlin a mando do Rei para transformar o jovem num verdadeiro herói.

Em meio à sua longa jornada (não tão longa… Só 46 episódios XD), Fly ganha a companhia do bobalhão (mas as vezes útil) Pop e da doce Maan, ambos também aprendizes de Avan. Além de fazer amigos, o garoto ainda tem de enfrentar o feioso Crocodine (que mais tarde vira um aliado do herói - um dos maiores clichês dos animes…); Freeyzard; o orelhudo Zaboella; Jenki (outro que também vira a casaca) e muitos outros, todos subordinados de Hudler, um demônio que fora derrotado anteriormente pelos antigos heróis (Avan incluso) e retornou para dominar o mundo (muito original… hehe…) graças aos poderes do “Grande Rei do Mal”. Como se já não bastasse, ainda surge o misterioso Baran, que posteriormente revela ser o próprio pai do garoto. E quando o desenho começa a ficar bom… Acaba!

Nem preciso comentar que, por ser baseado em um game de RPG, Dragon Quest mantém muitas características das versões em polígonos. Magias de ataque, cura e defesa são algumas amostras disso. Sem falar que o anime ainda conta com a presença de vários monstros e personagens que aparecem em diversas versões dos jogos.

Fly no Brasil
A estréia do anime no Brasil, em 1996, não foi por acaso. Contente com o sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco na Manchete, a distribuidora Santoy começou a negociar a vinda da série para o Brasil, pois enxergava nela todo o potencial para ser um grande sucesso, ou pelo menos repetir o que a série teve na Itália (onde era chamado de “O Cavaleiro Dragão”). E até poderia ter sido, se bem trabalhado (e tivesse um final…).

No fim das contas quem acabou trazendo a série para cá foi a Alien International (de propriedade de Roberto Manzoni, o “Magrão”, que por anos foi diretor do Domingo Legal. Aliás, por essa razão que volta e meia umas mulheres ridiculamente fantasiadas de Guerreiras Mágicas de Rayearth cantavam por lá, pra promover o CD do desenho XD), famosa por dar calote em várias distribuidoras internacionais. As negociações com a Manchete não vingaram e a distribuidora fechou com o SBT um “pacotão” contendo Rayearth, Dragon Ball e Fly. Foi aí que começou a agonia.

O primeiro passo foi adaptar o desenho para o Brasil de forma que não confundissem Dragon Quest com Dragon Ball que seria lançado pouco depois (e que seria o carro-chefe da Alien no Brasil). Depois de passarem por nomes como Fly, O Pequeno Ninja (Jesus Cristo! Onde eles enxergaram ninjas???), optou-se por deixar Fly,O Pequeno Guerreiro.
A dublagem foi realizada na Gota Mágica (como tudo que chegou na época) que escalou um elenco bacana, embora sempre apresentasse o mesmo cast de dubladores. Noeli Santisteban fez a voz do garoto. Aliás, a Noeli é uma das poucas dubladoras que consegue dublar meninos de forma não irritante (ou você gostou daquela voz do Naruto?). Pena que não está mais na ativa :(. A cantiga infantil (’Fly Fly Fly… Quer a paz que o inimigo destróóóói’) que todo mundo detestava na época (e hoje adora cantarolar ) foi composta por Mário Lucio Freitas e incrivelmente ficou melhor que a japonesa!!!

O anime estreou no Programa Sérgio Mallandro (na época em que ele não tinha se deteriorado como apresentador de pegadinhas armadas e convidado do Super Pop – pode existir coisa pior?!), e consegui a proeza de ter 10 episódios exibidos no mesmo. Isso porquê inexplicavelmente, o SBT cancelou as exibições diárias e jogou a série no Sábado Animado, onde acompanhá-la era um verdadeiro martírio, pois trocavam o horário de exibição a cada semana.

Mesmo assim, o desenho teve todos seus episódios exibidos e chegou a ter quase todos os bonequinhos lançados no mercado (pra variar, não trouxeram as personagens femininas). Do início ao fim, a série somente passou cerca de três vezes. Depois disso, o anime saiu do ar por um tempo sem deixar rastros. Passados alguns anos - depois de amargar a função de tapa-cratera na programação do SBT - o anime voltou a ser exibido pelo canal juntamente com Dragon Ball na frustrada tentativa de conter o sucesso de Pokémon na Record, por volta do ano 2000. Mas dizem por aí que a exibição não era legal, pois o contrato já havia vencido e não renovado x_x.

Acabou?
Sim, Fly não teve final em anime, mas como os japas adoram ganhar dinheiro fácil, lançaram um movie em 1996 entitulado Dragon Quest: Emblem of Roto. Produzido pela Nippon Animation, o movie (que não tinha nada haver com Fly) também não fez lá muito sucesso e não saiu do primerio volume. Curiosamente, esse movie também teve o character design de Akira Toryama, e isso é bem nítido ao se ver o personagem principal, que é uma cópia descarada do Goku de Dragon Ball Z. Aliás, na primeira série DQ:Abel Yuusha, cujo o trabalho de character também ficou a cargo de Akira, é possivel ver um monte de Bulmas, Trunks e até uma cópia transgênica do Freeza. Depois reclamam do Kurumada…

No final das contas, as franquias Dragon Quest e Final Fantasy tem mais alguma coisa em comum (além do fato de hoje pertencerem à mesma empresa, a Square/Enix que se fundiram): nenhuma conseguiu obter sucesso no mundo dos animes.

Checklist episódios:
01. Eu já nasci herói
02. Jamais deixarei que matem a Princesa Leona
03. A Marca do Dragão brilha na testa de Fly
04. Avan, o Tutor dos heróis
05. Curso especial para formação de herói
06. Huddler, o Rei das Trevas, reaparece
07. O combate de Huddler contra Avan
08. O auto-sacrifício de Avan
09. Adeus Ilha Dermilin
10. No Labirinto do Bosque do Mal
11. Espada Letal de Avan Contra Crocodine
12. A Arma Mágica de Avan
13. A Armadilha do Bispo Zaboera
14. O Batalhão das Feras Ataca
15. Blass enfrenta Fly
16. Não seja covarde Pop
17. O Feitiço Milagroso
18. O Ataque da Marca do Dragão
19. Fly cruza o oceano
20. O Espadachim da Espada Sangrenta
21. A Espada Assassina
22. A Mão do Mal ataca Fly
23. Maan Corre Perigo de Vida
24. O Labirinto Diabólico
25. Obrigado pelas Boas Lembranças
26. Jenke, o Guerreiro Solitário
27. Operação Resgate
28. Fly Encontra o General das Chamas de Gelo
29. A Versão Congelada da Princesa Leona
30. O Treinamento Especial do Grande Mago Matorife
31. A Princesa Leona está em Perigo
32. O Salvador Imortal
33. O Retorno de Jenke
34. A Surpreendente Cruz Poderosa
35. Freeza Arrisca sua Vida
36. A Melhor Técnica de Avan
37. O Golpe Mortal de Avan
38. A Decisão Corajosa de Maan
39. A Despedida de Maan
40. Leona Vai às Compras
41. O Batalhão dos Superdragões
42. O Misterioso Reino de Teran
43. A Verdadeira Identidade de Fly
44. Pai e Filho Lutam entre si
45. Chegou a Hora de Arriscar a Vida
46. O Longo Caminho para se Tornar um Herói


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