Recapitulando: Digimon é um anime criado pela Toei Company que estreou em 1999 na Terra do Pikachu e acabou ganhando a fama (injusta) de “clone de Pokémon”. A série na verdade teve origem numa linha de brinquedos virtuais chamados Tamagochis. Com o sucesso atingido com os 54 episódios da primeira temporada de Digimon, a Toei Animation não marcou bobeira e encomendou à equipe de Akyoshi Hongo (um pseudônimo formado com a junção dos nomes de Aki Mata, criadora dos Tamagochis, e Takeichi Hongo, diretor de marketing da Bandai) novos roteiros pra serem animados.
Mesmo sendo um anime hiper-comercial do mesmo nível que Pokémon, Digimon conseguiu se tornar mais “atraente” que o anime do Pikachu por conta do conteúdo menos raso da trama. Mas o grande charme de Digimon está mesmo nas músicas. Deve haver algum jabá subliminar nelas para que consigam prender a atenção de qualquer fã de anime. Experimente ver as cenas de digievolução sem som na tevê. Não se agüenta 10 segundos. :P
Com novos digivices (feitos sob medida pra virar brinquedo), Davis (o líder na nova turma), Yolei, Cody (o digiescolhido mais mala que já inventaram) e também T.K e Kari (um pouco mais velhos, mas ainda com as mesmas vozes) migram pro Digimundo pra encarar a nova ameaça. Mesmo cheios de parafernálias, a nova molecada recebe constantemente a ajuda do time veterano. E chega uma hora que aparece digiescolhido de tudo quanto é parte do planeta. Se bem que é um pouco estranho, o “mundo” estar sendo ameaçado e tudo ser mostrado apenas em Tokyo :P.
Num primeiro momento, a figura ameaçadora está no esquisitinho Ken Ichijóji, que se apresenta disfarçada e se proclamando o “Imperador Digimon”. O moleque foi induzido a agir como vilãozinho e depois de muita lenga lenga passa a ser do time do bem. A historinha segue, e a falta de criatividade começa a dar sinais quando surgem personagens como Black War Greymon; e quando se revela quem é o grande vilão por trás de tudo.
Uma (outra) pisada de bola dentro do roteiro, foi a pouca exploração de assuntos que surgem no decorrer da série, como a existência dos quatro Deuses do Digimundo ou o mundo das “Trevas”. Os satânicos Digimons que pintam dessa dimensão sombria só aparecem pra atazanar a vida das crianças e saem de cena sem muitas explicações.
Além da “evolução natural” com os Digivices, ainda bolaram a forçada (e desnecessária) Digievolução de DNA. Combinando dois digimons num só, surgem as fusões mais constrangedoras de todas as séries. Primeiro o mosquito super desenvolvido do Ken, com o “coelho dragão” do Davis. Depois pegaram o Tailmon e misturaram com o galinho da Yolei e saiu um tipo de “faisão” com óculos “high-tech” (que, curiosamente, os VR Troopers usavam um parecido pra ver cenas do Spielvan e do Metalder no original na base onde eles falavam com o “Tio Barnabé” dentro da televisão x_x) que dispara um “Hadouken”.
Mas quando ficávamos na expectativa de algo realmente legal saísse da combinação do Angemon (que todo mundo achava bacana na primeira fase) com o tatu feioso daquele pivete sem expressão, ocorre uma tragédia digital. A digievolução de DNA resulta numa espécie “bule de chá gigante” que dispara raios e solta fumaça. Perfeito pra virar brinquedo de menina, né? Hihihi… Na verdade, o Digimon originado (Shakumon) é baseado em uma figura mitológica oriental. É justamente esse samba do criolo doido, acrescido do roteiro sem rumo que só faz que faz da segunda temporada a mais chata já produzida na franquia Digimon.
Nitidamente, se sente no ar uma pressão por parte da Bandai e outras empresas, em cima da equipe de produção pra fazer mais e mais personagens pra render coleções sem fim de parafernálias e barrar os 150 Pókemons do concorrente. Não acredita? E seu eu disser que a versão black do War Greymon é o mesmo boneco da primeira série - só que pintado de preto!!! E só pra constar: esse prefixo maldito (digi-qualquer coisa) é cortesia dos americanos. No Japão a passagem de um digimon de um estágio pro outro chama-se apenas evolução e os digiescolhidos são apenas escolhidos.
Dublado na Hebert Richers outra vez, a série manteve o mesmo elenco de vozes usados na 1ª fase, pra não chocar os ouvidos de ninguém. E diferente da primeira série, não se viu muita quinquilharia à venda em lojas - mas bastava sair de uma delas, pra encontrar uma banquinha de camelô vendendo tudim com “aquela” qualidade de sempre…
Valem mencionar que a série rendeu especiais de cinema no Japão e um deles foi usado pra montar Digimon – O Filme, que tem nas locadoras brazucas e que já passou na Globo. No caso, o especial dessa fase seria a “terceira parte” do filme. O novo time de digiescolhidos (Davis, Cody e Yolei), curte as férias na praia com seus digimons, enquanto os veteranos T.K. e Kari viajam para Nova Iorque. Na gringolândia, o casalzinho tem um encontro inusitado com Willis, o digiescolhido da América, e seus digimons gêmeos Terriermon e Kokomon (sem piadinhas XD). Os digiescolhidos do Japão recebem um aviso dos dois e seguem com caronas para chegar ao Colorado e clandestinamente em um caminhão, conhecem Willis e um pouco de sua história, enquanto T.K. e Kari estão sumidos.
Em um desabafo de Willis, todo seu passado obscuro envolvendo Kokomon é revelado. Feliz da vida com seus dois parceiros (recebidos na época do 1º filme), o pequeno Willis tem a idéia de criar mais um digimon. Porém, o projeto falha, concebendo o digimon vírus Diaboromon (vilão da 2ª parte do filme). Após a vitória de Tai e Matt sobre o monstrengo, tudo parecia tranqüilo. Porém, o vírus permanecia vivo e terminou por atacar o pequeno Kokomon. Dez anos passaram-se, com Willis acompanhando o lento processo de descontrole do seu bichano que se transformou numa coisa mais assustadora que o Fofão (eita!).
Todos se juntam para a batalha final contra o Kokomon possuído. Sem sucesso e até voltando a serem crianças, parece não haver esperanças para o monstro que está em sua digievolução extrema. Para salvar a situação surgem T.K. e Kari e seus digimons megadigivolvidos. Partindo pro ataque eles saem derrotados, porém liberando os dois digiovos dourados para a milagrosa digievolução dos digimon de Davis e Willis: V-Mon para Magnamon e Terriermon para Rapidmon. A ameaça é eliminda e Kokomon volta como um digiovo (e aí está o pecado da Herbert Richers em traduzir duas coisas diferentes como digiovos…).
A direção do filminho ficou a cargo de Shigeyasu Yamauchi, o mesmo diretor do belíssimo (e sonolento) filme Prolólogo do Céu dos Cavaleiros do Zodíaco. Pra desenhar os personagens, trouxeram de volta Katsuyoshi Nakatsuru, o mesmo das duas fases para tv que ficou ausente nos dois primeiros filmes (por isso uma pequena diferença no traço dos personagens destes especiais). Curiosamente, optaram por uma coloração meio “fria” para este e os outros filmes, dando um aspecto envelhecido para a produção, diferente das cores vibrantes das séries de tv.
Para os fãs de Digimon, uma parte interessante do 3º filme é a megadigievolução dos digimons de T.K. e Kari em Sephirothmon e Magnadramon respectivamente, o que nunca ocorreu na tv. A dublagem permanece simplesmente correta, nada de surpreendente. É difícil encaixar esse filme na cronologia de Digimon 2, ficando uma coisa mais ligada aos especiais mesmo do que à série.
O anime foi reprisado à exaustão na Fox Kids, e atualmente está numa salmoura na pia do Jetix. :P. Com essa temporada, se encerrou um arco da saga dos monstrinhos digitais. Depois dessa fase (que fez muita gente “torcer” o nariz pro anime nessas bandas) a Toei reciclou a história do Digimundo e fez uma reviravolta: agora Digimon teria as idéias básicas de Yu-Gi-Oh! (cards) na história pra faturar mais din din… O resultado é uma das temporadas preferidas da galera: Digimon Tamers.
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