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[Carros] Novos Lançamentos!!!!!

Como anda o Fiat FCC II, conceito que privilegia tecnologias ecologicamente corretas

O frio e a garoa no kartódromo da Granja Viana, nos arredores de São Paulo, não eram lá muito convidativos. Nem mesmo o asfalto era o lugar ideal para conhecer o Fiat Concept Car II (FCC II), show-car criado pela Fiat para o Salão do Automóvel. A clara mistura das características de bugue e roadster pedia um ambiente mais propício à aventura off-road. Mas nada disso impediu que Autoesporte comprovasse que os automóveis feitos para servir de vitrine de tecnologias nas mostras automotivas também podem desfilar nas pistas.

A volta a bordo do "Bugster" (como era chamado informalmente pela equipe que o projetou) foi curta e lenta. A Fiat divulga que a velocidade máxima do carrinho foi limitada a 120 km/h por questões de segurança. Infelizmente, na pista de kart, ele não deve ter ultrapassado os 30 km/h. Algum problema na recarga realizada na noite anterior fez com que a bateria acabasse logo que o primeiro jornalista andou no FCC II. A solução foi providenciar o cabo italiano para dar um pouco de carga às 93 baterias de íon lítio que impulsionam o motor. "Uma das vantagens é o fato de a bateria não ser monolítica. Há vários blocos distribuídos pela dianteira e a traseira, o que ajuda na distribuição do peso", afirma Toshizaemom Noce, da engenharia de produto da Fiat.

O tempo para que o nível máximo de carga seja atingido é de oito horas. Em apenas uma hora, conseguimos o suficiente para o FCC II dar duas voltas. O lado ruim: a velocidade e a desenvoltura do carrinho ficaram ainda mais limitadas - e, com isso, a diversão. O bom: ver que realmente funciona plugar o automóvel na tomada (desde que ela seja de 220 V). Além disso, foi curioso notar que o sistema é mais ruidoso quando está recarregando do que ao rodar.

A principio, o modelo teria apenas um propulsor menor do que os convencionais, mas ainda a combustão. A opção pelo elétrico ocorreu para privilegiar o aspecto ecológico da criação da Fiat. Com autonomia de 100 km, a unidade desenvolve 59 kW, o equivalente a 80,2 cv, e tem torque de 22,9 kgfm. A mudança também beneficiou o design. "Com ela, foi possível deixar o veículo mais compacto", afirma Manuel Alexandre Ferreira, designer responsável pelo estilo externo no FCC II. Outra vantagem para os projetistas soltarem a imaginação: o carro dispensa escapamento e radiador, por exemplo.



O câmbio automático Dualogic (o mesmo de Linea e Stilo) é acionado não por alavanca, mas a partir de botões localizados no console central. Os comandos são bem simplificados, com as opções Neutro, Drive e Ré. Neste mesmo conjunto o motorista pode acionar o pisca-alerta e o sistema Adventure Locker, de bloqueio de diferencial. A tração do modelo é traseira, para reforçar as habilidades fora-de-estrada. Já a suspensão dianteira com apoios laterais e transversais é inédita no Brasil - foi usada só pela Alfa Romeo. "O uso do quadrilátero duplo permite que a suspensão tenha curso maior e aumenta a estabilidade, favorecendo o uso off-road", explica Noce.

Ao entrar no carro, depois de transpor o acesso um pouco complicado (como o dos bugues), o motorista percebe que os cintos de segurança de quatro pontos são estilosos, mas servem apenas de enfeite. Os bancos esportivos são revestidos de neoprene, para proteger das chuvas, já que não há capota. Pena que não tenham nenhum tipo de regulagem, um problema para pessoas mais baixas, que não conseguem se acomodar bem ao encosto e têm de deixar as pernas muito esticadas para alcançar os pedais. Aliás, os pedais são feitos de nanotubos de carbono, o que ajuda a deixá-los mais leves, de acordo com Manuel Ferreira. Leves e sensíveis, eu diria. O teste drive revelou um acelerador que transmite demais as trepidações da pista ao pé.


Está certo que o FCC II é um protótipo. Mas não dá para fazer vista grossa a detalhes de acabamento com rebarbas ou aos retrovisores fixados sem grande firmeza no frágil pára-brisa. Para completar, a carenagem do freio-de-mão também se mexe quando ele é puxado.

No mais, o estilo do Bugster agrada. Ele tem um quê dos charmosos insetos de animações. E a proposta era, justamente, fazer um protótipo que causasse o menor impacto possível na natureza. Além da propulsão elétrica, outras medidas foram adotadas para se chegar ao objetivo. Os painéis da carroceria, por exemplo, usam nanoargila. O conceito, literalmente verde, também conta com materiais reciclados, como plástico com fibras de curauá e sisal, ambas fibras têxteis, e poliol de óleo de soja, usado na confecção da espuma que reveste o banco. Este último já é adotado na produção dos veículos de linha da marca, mas no percentual de 10% - o conceito utiliza 30%.

Um dos destaques do trabalho dos designers foi fazer um protótipo com estrutura tubular oculta sob a carroceria. "O conceito que norteou o desenho externo foi o de que toda a parte estética devia parecer flutuar sobre as peças mecânicas", diz o designer Ferreira. Idealizado e produzido pelo Centro Estilo Fiat, em Betim (MG), o FCC II tem faróis bi-xenon e usa LEDs nos conjuntos óticos dianteiro e traseiro. O protótipo foi concebido e construído em dez meses e recebeu investimento superior a R$ 1 milhão.

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